30 de jan. de 2010

Lua Nova


The Twilight Saga: New Moon, 130 minutos, 2009. Romance.
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Lua Nova é baseado no livro homônimo e continuação de um dos maiores sucessos da atualidade: Crepúsculo (tanto na literatura, quanto no cinema e em todos os produtos que vendem a imagem dos protagonistas do filme ou qualquer idéia relacionada à saga). Lua Nova já era, desde o ano passado, um dos filmes mais esperados desse ano e teve uma ajuda, que foi a grande bilheteria de seu antecessor, o que tornou possível a produção de um filme milhões de vezes melhor que o primeiro e as notícias que há sobre a bilheteria, já apontam à segunda parte da estória como bem sucedida também.

O filme tem cara de filme de verdade (o que não acontecia com Crepúsculo, com sua imagem que aparentava a de filmes caseiros), mas ainda sim sofre com alguns aspectos. Vamos aos pontos positivos. A fotografia está muito boa com um toque dourado que dá a sensação de quente, sensação que parece ter ligação com a temperatura dos novos monstros que integram a série (repare que Crepúsculo tem uma fotografia azulada, sendo a cor azul, uma cor fria). Há também a maquiagem que ficou mais real com enfoque especial para os olhos dos vampiros. Os efeitos especiais, indispensáveis a essa parte da estória, também foram decentes embora nada de extraordinário. Há cenas que esses efeitos foram bem usados e tenho que citar a que Edward toma uma surra de Félix, um dos Volturi. A cena contem uma ação que inexistia até então, conquistando não só as garotinhas-que-amam-o-Edward-Cullen, mas qualquer um que goste de filmes em geral. Pessoalmente o melhor do filme foi a adaptação. Os primeiros minutos são idênticos ao livro e, de modo geral, o diretor Chris Weitz (e claro, a roteirista) conseguiu juntar tudo que há no livro de uma forma realmente boa.

No entanto, o maior problema de Lua Nova são as atuações. O lado masculino do triangulo amoroso é composto por Robert Pattinson que consegue dar o mínimo de vida (sem trocadilho) ao seu personagem que mesmo aparecendo pouco, de forma geral, se torna carismático; e Taylor Lautner como o bombado Jacob também faz relativamente bem seu papel, embora suas aparições pareçam uma campanha pró aos anabolizantes. Pois é, enquanto os dois se esforçam, há Kristen Stewart que parece ser incapaz de fechar a boca. Sua atuação é tão triste que é daquele tipo que faz o publico sentir vergonha alheia. Sua interpretação é a mesma quando está feliz, quando está triste, quando está longe ou perto de seu amado e assim por diante. No geral, até Ashley Greene que interpreta Alice Cullen se sai melhor do que a protagonista Bella.

Pondo tudo na balança, Lua Nova é certamente um filme que vale a pena ser visto, principalmente quando comparado com Crepúsculo (que de melhor só tem a trilha sonora).

Renan
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Não sei exatamente o que o Renan viu de tão interesante em Lua Nova, mas, para mim, esse filme continua tão tosco quanto o que o antecedeu, mesmo que haja neles qualidades que no outro não existia. Decerto, podemos atribuir ao orçamento mais largo a melhoria do aspecto técnico do filme que sucedeu o primeiro - Crepúsculo. Infelizmente, nem tudo é "efeito especial", logo a quantia mais generosa de verba não faz com que esse filme funcione muito bem.

O grande problema não está na câmera utilizada para filme. O defeito se concentra basicamente na direção do filme. Parece que nem Catherine Hardwicke nem Chris Weitz foram capazes de compreender certos detalhes a respeito da história. Por exemplo, ambos compreendem que a personagem Bella é uma múmia - assim fazem-na ficar sem expressão e estática durante o filme todo. Weitz repetiu o mesmo erro que Hardwicke cometeu: exigiu pouco dos atores. Dessa maneira, tanto direção quanto atuação funciona no módulo automático, sem esforços, sem densidade e, consequentemente, sem um resultado que seja positivo. Com ressalvas, penso que o problema da atuação se deve àquilo que não é exigido dos atores - a exceção fica por conta de Robert Pattison, que é ruim mesmo e ainda atrapalha os outros. Algo de que não gostei foi a tentativa de inserir Pattison em todo momento da trama. Ainda que a Bella do livro seja dengosa em relação à paixonite crônica que sente por Edward, não há tantos momentos em que ela fica enxergando o vulto do vampiro. Kristen Stewart tem uma sutil melhora na sua capacidade de atuação quando se encontra atuando com os músculos abdominais de Taylor Lautner, que não é nenhum grande ator, mas que realmente é mais eficiente do que Pattinson.

Devo admitir que a adaptação do livro realmente foi boa. Poderiam ter feito omissões inadequadas a respeito de passagens importantes da obra literária ou poderia acrescentar acontecimentos não presentes no livro, no entanto, optaram por apenas transcrever das páginas para as telas com o mínimo de mudanças possível. A trilha sonora continua eficiente, tal como no primeiro filme. Uma fato me chamou bastante a atenção: muitos leitores reclamaram de que certos atores não eram boas escolhas para as personagens que interpretam, como é o casod e Dakota Fanning. Contudo, a participação dos personagens coadjuvantes é brevíssimas... Fannig, por exemplo, não deve ter mais do que dois minutos em cena. Alguns talvez achem que eu exagero ao reclamar da direção, mas basta ver uma das primeiras cenas para compreender a incapacidade do diretor de observar erros. Bella encontra-se diante de um espelho, que lhe mostra refletida anos mais velha. A expressão das duas atrizes, porém, é completamente diferente, ficando claro que o espelho não somente mostra a evolução no tempo como também dá personalidade ao reflexo... uma cena bem infame.

Honestamente, não acho que Lua Nova seja um filme bom. Acho que poderia considerá-lo entre irregular e mediano - chamá-lo assim, no entanto, é enxergá-lo com muita generosidade. Comparado a Crepúsculo, é apenas melhor nos aspectos técnicos, mas o entretenimento é o mesmo, o que prova que o diferencial não é a quantia liberada para efeitos especiais. Aproveito também para comentar que os lobos criados digitalmente têm maior expressividade facial do que os atores... a tecnologia é mesmo impressionante. Acho que a solução para o problema seria chamar outro diretor, que dê um up na história e que a tire desse marasmo morrinhento. Tarantino ou Spielberg, talvez...

Luís

28 de jan. de 2010

O Show de Truman

The Truman Show. EUA, 1998, 102 minutos. Drama.

Indicado a 3 Academy Awards, nas categorias Melhor Direção, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Original.
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Há muito que queria ver esse filme, mas sempre que ia à locadora ou ele estava alugado ou eu acabava escolhendo outro. Quando, por fim, estava com o filme em casa e fiquei em dúvida entre ver esse e outro filme, uma divergência quanto às opiniões dos participantes de um chat me fez dar prioridade a ele: uns disseram tratar-se de um filme ruim, o pior da carreira de Jim Carrey; outros disseram que era bom. Para sanar a dúvida, nada melhor do que eu mesmo conferir para ter a minha opinião.

Truman vive uma vida normal: é casado, tem um emprego, tem um melhor amigo, tem recordações e também alguns traumas. O que ele não sabe é que tudo ao seu redor é televisionado, inclusive sua própria vida: as pessoas com quem convive são atores, a cidade na qual está é um grande cenário e Truman está preso àquela situação que, pouco a pouco, começa a incomodá-lo a ponto de fazê-lo querer mudar. Aproveitando que já descrevi a sinopse, gostaria de dizer que o roteiro é realmente interessante, merecendo inquestionavelmente uma indicação como Melhor Roteiro Original. A criatividade aqui é bem explorada e a trama nos faz pensar sobre as várias perspectivas existentes, embora algumas estejam implícitas. Acredito que o mais visível é a maneira como o capitalismo é mostrado, já que é capaz de interferir totalmente na vida de uma pessoa, alterando-a a fim de obter sempre mais lucros. Também podemos ver a situação das pessoas que, embora demonstrem humanidade, entretém-se diante da vida de um homem enclausurado num ambiente do qual não pode fugir.

Quando escrevi sobre Número 23 no Blog antigo, eu disse que me agradava ver Jim Carrey numa atuação que não seja a comédia típica, pois todos já estamos acostumados com as suas caretas e o seu já consumado modo de atuar. Ao vê-lo num filme como esse, cuja densidade é perceptível e no qual sua interpretação explora muito mais do que as faces caricatas, eu tenho que dizer que ele sempre deveria trabalhar em produções assim, que conseguem arrancar um sentimento do fundo do ator e trazê-lo à tona. Do que eu gosto realmente nele é que, mesmo em filmes dramáticos, ele consegue mostrar um humor conveniente, sem exageros, bem diferentes de filmes como O Pentelho, O Mentiroso, etc. Esse, juntamente com Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, é o meu filme preferido com o ator, que, na minha opinião, poderia esforçar-se mais para trabalhos em roteiros mais densos, que lhe permitam mostrar toda a sua capacidade.

Dois ótimos atores estão presentes no drama: a belíssima Laura Linney e o excelente Ed Harris. Os dois atores têm papéis importantes na trama, respectivamente como a esposa de Truman e o diretor que comanda o programa de TV. Laura Linney consegue nos encantar com o seu sorriso mesmo quando sua personagem não tem boa índole; quando está em cena, há um charme a mais. Ed Harris traduz muito bem o espírito ganancioso de um homem que quer ver o show seguindo adiante, sem pausas, custe o que custar. Totalmente compreensível a sua indicação como Melhor Ator Coadjuvante. Destaque para as duas últimas cenas que envolvem o seu personagem, nas quais o ator brilha. Noah Emmerich, intérprete de Marlon, o melhor amigo de Truman, também tem um bom desenvolvimento ao longo do filme: uma das cenas de maior destaque de Marlon é quando ele e Truman conversam na beira da ponte e Marlon realmente impressiona com a gentileza das coisas que diz ao amigo, mas, trocando a perspectiva, percebemos que quem diz tudo na verdade é o diretor e que Marlon na verdade é um excelente ator e é - não posso deixar de acrescentar - muito cretino.

O Show de Truman é uma obra muito boa e merece ser vista. Eu, como perceberam, discordo totalmente dos que acham que Jim Carrey não está bem nesse filme. Dos filmes que vi no mês, este foi um dos melhores, certamente. Sugiro realmente que o confiram.

Luís
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26 de jan. de 2010

Sherlock Holmes


Sherlock Holmes. Estados Unidos, 2009, 128 minutos. Aventura / Policial.
Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia/Musical (Robert Downey Jr.)
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Devo dizer que quando li um dois ou três livros com o personagem Sherlock Holmes, eu tinha uma visão bastante diferente daquilo que vi nos trailers da transcrição para o cinema. Sabia dos elogios que Robert Downey Jr. vinha recebendo, mas ainda assim não conseguia assimilar que veria o personagem num filme que pende mais para a comédia do que para o suspense que deveria envolver um dos detetives mais famosos da literatura!

O filme começa com um clima interessante, mostrando Sherlock e Watson - obviamente que ele estaria presente também - capturando um homem de grande renome que já assassinou cinco mulheres. Condenado à morte, o sujeito afirma que voltará mesmo depois de morto e, pelo que parece, ele falava sério, já que seu corpo desapareceu do túmulo e ele foi visto depois andando pela cidade. Como se isso já não bastasse, Sherlock ainda tem que lidar com o reaparecimento de Irene Adler, uma ladra por quem ele tem uma quedinha, mas que nunca consuma o romance por causa das escolhas dela em continuar na vida bandida.

Definitivamente, com o clima certo, o filme seria mesmo muito bom. Mas, como eu disse, a tendência para o lado cômico é muito forte, com direito a algumas cenas vindas de filmes de aventura exagerados. Infelizmente, confundiram o ator principal com um de seus personagens mais recentes e colocaram-no para fazer o mesmo que o Homem de Ferro faz no seu filme. Depois de um tempinho, me acostumei com o ritmo e o clima do filme e comecei a curtir, mas não pude deixar de me perguntar o que os fãs do personagens estavam achando dessa produção. Ainda mais porque o ator principal é americano! Watson também em nada se parece com aquilo que eu imaginava dele, porém o que me alegrou é o fato de ambos os atores serem bastante simpáticos, de forma que deixei de ficar reclamando mentalmente e comecei a curtir o filme. Com a chegada de Rachel McAdams, que parece estar sempre bonita, o filme ficou mais interessante, até porque é sempre interessante ver o mocinho se apaixonando pela vilã - e que vilã, hein!

Devo dizer que os três atores principais parecem estar em sintonia, principalmente nas cenas de ação. Downey, Law e McAdams compuseram performances bastante ágeis e convincentes nessas cenas. Essa qualidade, porém, não faz com que o filme suba muito no meu conceito. Como já disse antes, não era um filme de comédia/ação que eu esperava. Sherlock Holmes ainda conta com uma fotografia interessante, que evidencia sua qualidade nas cenas mais próximas do final da obra, quando vemos as cenas sobre a ponte em construção. Já no final, temos uma sutil sensação de que poderemos rever esses mesmos atores num próximo filme, de que eu não duvida que venha mesmo a acontecer.

Honestamente, penso que setrata de uma obra legal. Não usaria o adjetivo "bom" para descrevê-lo, pois havia muito mais que poderia ser explorado, mas que ficou de lado a fim de que o tom humorístico - e às vezes caricato - tivesse espaço suficiente. O filme conta um bom elenco, mas falha ao conceber um clima que seja signo de "Sherlock Holmes". Apesar dos contras, vê-lo pode ser bastante divertido - se você estiver no humor certo e com as companhias certas.

Luís
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Com cenas de ação, aventura e humor, tudo banhado por uma Londres que adoramos, Sherlock Holmes, um dos detetives mais famosos chega aos cinemas e com tudo isso, deve se esperar no mínimo um filme que entretenha, e para minha alegria foi exatamente isso que aconteceu.

A idéia de um detetive sempre vem associada a um homem sério, que leva tudo no profissionalismo para que as suas investigações sejam bem sucedidas, e é nesse ponto que esse filme sai um pouco do convencional concebendo um detetive boêmio e humorístico. Nesse cenário não haveria ninguém melhor para encarnar esse personagem do que Robert Downey Jr. que se destacou no ano passado com Homem de Ferro e Trovão Tropical. Nesse ano ele já ganhou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Comédia/Musical. Esse novo Sherlock Holmes é simpático e consegue o carisma do público rapidamente. Jude Law vive seu parceiro inseparável Watson, e a dupla se dá bem nas cenas já que eles parecem ter afinidades como companheiros de verdade. Watson faz o papel da razão da dupla sendo mais centrado mas para ajudar o amigo acaba entrando nas aventuras que Holmes se mete. Completa o trio principal a mocinha-vilã Irene interpretada por Rachel McAdams (de Penetras bons de Bico). Colocando as atuações na balança, acho que todas são boas.

Há outras categorias que Sherlock Holmes manda bem como figurino e fotografia, tudo bem ligado a uma Londres escura que dá o toque final para o filme. Todos os elogios que dei são válidos para o filme, mas não pensem que o longa é indispensável e tem que ser conferido com extrema urgência. Talvez dê até para esperar para assisti-lo em casa.

Renan

24 de jan. de 2010

Melhor Ator - Oscar 2009

Essa é a quarta categoria do Oscar de 2009 que avaliamos aqui no blog, lembrando que já avaliamos as concorrentes de Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e os concorrentes de Melhor Ator Coadjuvante. Na categoria de Melhor Ator tivemos candidatos bastante heterogêneos. Vimos Brad Pitt fugir um pouco do convencional e emocionar a todos com sua interpretação. Houve Frank Langella como Nixon prendendo o telespectador na frente da TV, transformando perguntas difíceis em história do seu passado. Vimos Mickey Rourke se levantar do ringue, do qual todos pensavam que não iria sair, e mostrar a todos seu belíssimo trabalho. Houve Richard Jenkins com sua boa atuação, mas infelizmente num filme apático e, por último, teve Sean Penn com sua ótima atuação, mas que, particularmente, já esteve melhor. Os textos de Brad Pitt e Mickey Rourke foram escritos pelo Luís e os outros três por mim (Renan). Sem mais enrolação, vamos analisa-los.

Brad Pitt, por O Curioso Caso de Benjamim Button - segunda indicação ao Oscar.
Brad Pitt concebe uma de suas mais densas atuações ao compor Benjamin Button. Pode não ser dele o físico em alguns momentos do filme, mas a expressão lacônica e triste pertence a ele. Por essa obra, Pitt provou que ele não é apenas um rosto bonito que é casado com uma boca bonita (que também recebeu uma indicação nessa mesma cerimônia). Com beleza e paixão, Brad Pitt transformou-se com o seu personagem e esse talvez seja o principal motivo pelo qual sua interpretação é tão bonita e poética. Realmente não haveria como não indicá-lo.


Frank Langella, por Frost/Nixon - primeira indicação ao Oscar.
Frank Langella e seu parceiro Michael Sheen (que deveria ter sido indicado) estão ótimos em Frost/Nixon. Langella dá ao ex-presidente Nixon um tom sério, mas ainda carismático, que homem importante como um presidente deve ter. O roteiro também ajuda bastante tornando perguntas que o telespectador pensa "Dessa não tem como ele escapar" em dúvidas bobas. Desse modo Langella era um forte candidato ao prêmio.




Mickey Rourke, por O Lutador - primeira indicação ao Oscar.
Este é o típico ator de quem se espera pouco e que muitas vezes mostra mesmo pouco. Como Randy, Rourke mostrou-se plenamente eficiente, numa atuação sóbria e densa, com um pouco de humor, drama, romance. Em parceira com Marisa Tomei, Mickey se fez notar pela Academia e recebeu merecidamente uma indicação. Ainda que conheçamos pouco sobre seu personagem, Mickey conseguiu causar uma forte aproximação e talvez seja esse o seu maior feito ao longo do filme.


Richard Jenkins, por O Visitante - primeira  indicação ao Oscar.
Richard Jenkins não está mal em O Visitante, mas também não está estupendo. Como o Luís diria, ele está correto, nada mais. Por mais que ele atue bem, o conjunto da obra não cativa e não chegamos a nos identificar com o solitário professor universitário. Acredito que falo por mim e pelo Luís quando digo que dentre os cinco candidatos, Jenkins era o que menos merecia ganhar.




Sean Penn, por Milk - A Voz da Igualdade - quinta indicação ao Oscar.
Antes de mais nada, não tenho antipatia pelo Sean Penn, e gosto de filmes como Sobre Meninos e Lobos, mas em Milk, há problemas como o forte tom de documentário que o longa traz que talvez prejudiquem um pouco a versatilidade de Sean. De modo geral, seu personagem Harvey cativa, mas ainda assim fica um pouco abaixo dos outros concorrentes.





Mais uma vez, eu e o Luís não tivemos o mesmo pensamento da Academia, não concordando com a premiação de Sean Penn sendo que Mickey Rorke estava concorrendo por seu excelente trabalho em O Lutador, sendo assim nós daríamos o Oscar a ele. Sean Penn não está mal, mas levando em conta outros atores como Mickey e até mesmo Frank Langella, notamos que há uma diferença grande, sendo que os últimos citados, mereciam muito mais a premiação por seus trabalhos que impressionaram o público.

Luís e Renan

22 de jan. de 2010

Gula - O Clube dos Anjos


O Clube dos Anjos, 1998, 132 páginas. Coleção Plenos Pecados.

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Esse é o terceiro livro publicado da coleção Plenos Pecados, que é uma série em que reúne obras de autores convidados a escrever sobre os pecados capitais. Coincidentemente, esse também foi o terceiro livro que li, sendo o primeiro sobre a Inveja e o segundo sobre a Luxúria. O que diferente entre esse livro e os dois primeiros da série é o estilo; O Clube dos Anjos é uma narrativa fictícia.

Um grupo de homens tem se reunido nos último 21 anos, uma vez a cada mês, para que pudesse degustar de seus pratos preferidos num jantar organizado pelo responsável do mês. As sensações, no entanto, já não são como eram quando se reuniam durante a juventude; as mulheres foram introduzidas nesses eventos sociais, eles pareciam ter perdido o apetite e já não se davam bem desde que um deles havia morrido. Num dado momento, Lucídio aparece na vida deles: através de Daniel, o narrador, o homem misterioso consegue reunir os dez integrantes do Clude dos Anjos à mesa, presenteando a cada mês com os seus pratos preferidos, um apetite voraz, felicidade. E também com a morte.

Em relação à minha satisfação do livro, eu diria que foi razoável. O livro não se trata de uma coletânea de casos provavelmente verídicos como é narrado por Zuenir Ventura em Inveja ou João Ubaldo Ribeiro em Luxúria. Isso faz com que percamos parte do interesse pela obra, pois nada se encerra de concreto na gula mostrada por Luís Fernando Veríssimo. Não nego que como escritor, ele é bom. Quanto a isso, não posso reclamar. Mas comparado aos outros, torna-se fraco. Não é tão envolvente como “arquivo” de fatos, mas como ficção é bem legal, principalmente ao focar um momento eufórico, de extrema felicidade (para os personagens) com uma punição da qual eles não escapam e nem sequer tentam escapar. Como o próprio autor disse ao lançar o livro, a gula talvez seja o pecado que mais causa problemas às pessoas, competindo apenas com a luxúria, se praticada sem camisinha. São interessantes as diversas relações existentes nos livros, principalmente aquelas que misturam a literatura com a gula; para exemplificar, pode-se ver a situação daqueles homens, todos compulsivos e irracionais, comendo pelo prazer incomparado de sentir-se saciado e as diversas citações durante o livro, sendo mais eficaz ao meu exemplo, a frase “O homem é homem porque quer mais”, de Shakespear.

Digo, porém, que como literatura de suspense, a narrativa fica aquém do esperado. Tudo é tão óbvio que a única coisa que por momentos nos deixa pensativos é o fato de todos os dez homens se entregarem tão deliciosamente à morte sem esboçar qualquer vontade de viver. Não há desenvolvimentos fabulosos nem grandes inesvtigações; a coisa está tão explícita que, curiosamente, foge de qualquer clichê que vimos. Isso não significa que o livro seja muito bom; significa apenas que é um entretenimento interesante, principalmente se você pretende ler todos os livros da série sobre os pecados capitais.

Luís

20 de jan. de 2010

Na Mira do Chefe


In Bruges. Bélgica / Reino Unido, 2008, 107 minutos. Comédia.
Indicado ao Academy Award de Melhor Roteiro Original.
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Nem o gênero nem o enredo me fariam querer assistir a esse filme. Eu o conferi apenas por dois básicos motivos, sendo o segundo apenas um pequeno elemento incentivador: o filme foi indicado ao Oscar e tem a presença de Colin Farrell. Caso vocês estejam acompanhando, eu e o Renan estamos analisando um total de 18 filmes, que concorreram ao Oscar 2009 em seis categorias - e Na Mira do Chefe recebeu uma indicação, o que nos obrigou a vê-lo.

Os matadores de aluguel Ray e Ken acabam de realizar um “trabalho” em que tudo deu errado. Para esfriarem a cabeça, seu chefe Harry os envia para Bruges, na Bélgica. Enquanto aguardam o telefonema chamando-os de volta, eles se misturam aos milhares de turistas na cidade medieval e vivem experiências inusitadas. Entram em brigas, saem com prostitutas holandesas, conhecem um anão americano que está rodando um filme, e Ray chega até a se envolver com uma mulher. Mas quando o chefe finalmente liga, o que parecia uma viagem de férias se transforma numa corrida de vida ou morte. (fonte - cineplayers)

A primeira coisa que devo dizer é que o título nacional é enganoso. O enredo do filme se ocupa em mostrar o que acontece com os personagens na cidade de Bruges, Bélgica, e não a perseguição que o chefe dos dois promove. Assim, ao ver esse título o espectador pode se sentir tentado a locar - ou até mesmo trazer embora o filme - pensando que se trata de uma ação cômica e rapidamente se decepcionará se o vir com esse propósito. Para se ter noção, o chefe citado no título apenas entra em cena no terço final da obra, ou seja, uma hora e dez minutos depois que o filme começou. Como disse, o enredo enfoca as situações pelas quais passam Ken e Ray em Bruges. Não posso dizer que seja um filme chato, porque não é. Conta, aliás, com algumas boas cenas cômicas, de humor contido, mas ainda assim engraçadas. E a maioria delas se deve à indignação de Ray em relação ao lugar em que estão e aos seus comentários e atitudes depropositais, que o coloca em confusões o tempo todo. O filme não é cômico o tempo todo. Num determinado momento, o tom humorístico cede lugar a um sutil drama, que, no final, dá espaço a algumas poucas cenas de ação. Embora passe por três gêneros, há predomínio do humor sutil, caracterizando o filme como uma comédia.

Gosto de Colin Farrell, porque vejo no rosto dele certa simpatia. Mesmo que esteja com expressão sério, vejo nele muito carisma. Assim, acho que ele foi uma boa escolha para interpretar Ray, que, ao mesmo tempo, é simpático e divertido e tem picos de humor curiosos. Já Brendam Gleeson, conhecido por viver Alastor "Olho-Tonto" Moody na série Harry Potter, tem uma interpretação menos expressiva, mas isso talvez se deva ao desajuste da personalidade do personagem em relação ao tom do filme. De um modo geral, ambos estão bons, pois encontraram os trejeitos certos e conseguiram compor personagens legaizinhos. O problema, porém, está no terceiro integrante de peso do elenco: Ralph Fiennes. Já comentei várias vezes aqui que o sujeito simplesmente não tem expressão! E, suspresa!, aqui não é diferente. Desde o momento em que aparece em cena até o seu apoteótico fim, Harry Waters, personagem de Fiennes, é conduzido pelo ator no modo automático. A tríade está em desequilíbrio e eu facilmente poderia colocar os atores em ordem crescente de atuação: Fiennes, Gleeson e Farrell.

Na Mira do Chefe é um filme mediano, que garante certo entretenimento e conta com uma bela paisagem. Se Ray não gosta da paisagemd a cidade, eu posso afirmar que gosto e que, sem pensar duas vezes, gostaria de ter a oportunidade de apreciar Bruges. Talvez o auge do filme seja a fotografia e boas cenas que mostra a paisagem local. Não mudará suas vidas se vocês assistirem. Só para constar: acredito que tenha sido válida a indicação que o filme recebeu ao Oscar.

Luís
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Na mira do Chefe é vendido como uma comédia no estilo de Queime Depois de Ler, que parece ter o intuito de satirar, de forma inteligente, filmes de ação e espionagem. O filme tem um tom apático que permanece até boa parte deste. Nessa parte, tive vontade de dormir em diversas cenas pois o longa tem um tom meio parado que parece ser mal aproveitado. O que mais chama a atenção, positivamente, é a trilha sonora e o cenário, sendo que ambos continuam bons até o final. É aindanessa parte que somos apresentados a dois dos três personagens mais importantes do filme. Colin Farrel (do filme-sonífero O Novo Mundo) e Brendan Gleeson interpretam, Ray e Ken respectivamente, matadores de aluguel que são mandados para Bruges (daí o título original), uma cidadezinha medieval na Bélgica sendo que lá eles esperarão ordens do seu chefe. O manda-chuva só aparece faltando uns quarenta minutos para o final do filme, e este é Harry, interpretado pelo sem total expressão Ralph Fiennes (de Harry Potter e O Leitor). Dos coadjuvantes, pode-se citar como notáveis a belíssima Clémense Poésy (a Fleur de Harry Potter e o Cálice de Fogo) e o anão.

Pois bem, como ia dizendo, o filme parece não acabar nunca e tudo que foi contado em uma hora e meia poderia ser reduzido pela metade, no mínimo, mas o que me chamou a atenção, tornando-o recomendável, é a meia hora final de extremo bom gosto, fechando uma obra que não parecia ter nada para mostrar com chave de ouro e tornando-a merecedora da indicação de Melhor Roteiro Original no Oscar de 2009. Tudo ali funciona bem. As interpretações se encaixam fazendo o trio principal ficar em sintonia. A atuação de Colin Farrel passa de humor meia-boca para uma comédia dramática. Raplh Fiennes (pois é, até ele) está bem também, e talvez a melhor cena de comédia do filme seja dele que é quando ele quebra o telefone e chama a mulher de objeto inanimado. Brendan Gleeson continua linear durante o filme todo, não há queda, mas também não há ascenção de sua atuação, ou seja, ele fica um pouco acima da média do que considero uma atuação boa.

Para o que acham o filme será chato, ou até para quem não conseguiu seguir em frente, digp para darem uma chance, e Na Mira do Chefe se mostrará um fime bom e até sensível, muito mais que uma pesudo-comédia do que tentam vender.

Renan

18 de jan. de 2010

Morto até o Anoitecer




Sookie Stackhouse - Southern Vampire, por Charlaine Harris, 2007, 316 páginas (Editora Prestígio), Romance/Ficção.

Livro que deu origem a primeira temporada de True Blood.

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Uma história contada a partir de ponto de vista de uma garota. Um vampiro. O amor entre eles. Um dos dois é capaz de "ler" o que se passa na mente de outras pessoas. Uma parte de ação no final. "Acho que Stephenie Meyer 'chupinhou' muita coisa antes de escrever Crepúsculo e suas continuações". Foi esse o sentimento que tive assim que acabei de ler Morto até o Anoitecer.

No livro, conhecemos Sookie Stackhouse, uma garota telepata que se auto descreve como loira de olhos azusis, peitos grandes e no geral, se considera bonita. O problema é que por causa do seu dom, ela não consegue ter uma vida social, já que deve ser difícil tentar sair com alguém e ver que na verdade ele esta pensando em sua bunda. É nesse momento que Bill Comptom aparece no bar em que Sookie trabalha e logo os dois se apaixonam. Só que não o final feliz do casal não está aí, pois surge uma onda de assassinatos contra mulheres que gostam de se relacionar com vampiros, pois as vítimas têm marcas de perfurações pelo corpo. A partir desse cenário, pode-se concluir que: 1) Sookie está em perigo e 2) Bill se torna um dos principais suspeitos.

Citei a famosa série Crepúsculo acima, mas tenho que admitir que há diferenças gritantes entre as duas obras, embora com certeza, há pontos em comuns (mas ainda lembro que Stephenie Meyer foi acusada de plágio por
L.J.Smith, autora da série The Vampire Diaries que também virou seriado recentemente). O primeiro ponto é a forma que a sexualidade é tratada. Se em Crepúsculo temos uma Bella morninha, bobinha e levando em conta que sua lua de mel foi quase lírica, em Morto até o Anoitecer, a autora não se mostra pudica e descreve muito bem as cenas de sexo entre Bill e Sookie,aliás, todo o livro tem um clima mais sensual. O segundo ponto é a forma que os vampiros são vistos. Nesse livro, eles já não são criaturas místicas, embora conservem os traços de vampiros clássicos como não poder saírem a luz do sol além de não tolerarem prata. Essa forma de vida é tratada como humanos que contraíram um vírus que os deixam com a pele pálida e sensíveis a luz solar. Mas obviamente a maioria das pessoas sabem que eles deixaram de ser humanos a muito tempo, mas ainda sim eles precisam de sangue para sobreviver, e é aí que entra o sangue sintético que foi desenvolvido para essa espécie (a marca dos sangue sintético é que se chama True Blood). Falando de sangue, o sangue dos vampiros é uma espécie de droga que deixam as pessoas que o bebem mais fortes, mais atentas e até mais bonita, além de ser considerada um remédio que deixa as pessoas mais ativas sexualmente.

A autora também se mostra capaz de montar uma cena de ação bem interessante na parte do final, desvendando todos os mistérios que ela própria construiu durante o livro. Ou seja, quem acaba de lê-lo não fica com aquela obrigação de ler o resto da série para descobrir o que aconteceu, embora eu esteja ansioso par ler a segunda parte da estória e mais ansioso ainda para ver como ficou o trabalho de adaptação para o seriado.[SPOILER] Há apenas uma parte que não gostei do livro: a morte da avó de Sookie. Essa parte é tratada de modo tão passageiro, que parece que a neta não gosta da própria avó. [FIM DO SPOILER]

Morto até o anoitecer se torna recomendável por vários motivos, como a construção bem feita de um enredo original e interessante e os personagens que se tornam carismáticos logo a primeira vista e com certeza é válido de ser lido em horas que se quer apenas se divertir com uma leitura agradável.


Renan
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16 de jan. de 2010

O Visitante


The Visitor. EUA, 2008, 103 minutos. Drama.
Indicado ao Academy Award de Melhor Ator (Richard Jerkins)
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Eu e o Renan desejamos ver esse filme pelo simples fato de que havia sido indicado ao Oscar do ano passado e que nós dois tínhamos combinado - e temos cumprido - de analisar seis categorias, dentre elas a que esse filme concorreu: Melhor Ator. No entanto, tivemos grandes problemas para encontrá-lo, afinal nenhuma das locadoras em que procuramos o tinham no catálogo. De repente, quando já estávamos sem expectativas, encontramo-lo ao acaso - o que é bom.

Walter é um professor universitário sem muito propósito na vida. Embora esteja lecionando para apenas um classe e escrevendo seu quarto livro, Walter não vê felicidade no seu cotidiano. Um dia, ele precisa ir a Nova Iorque para apresentar um trabalho que fez em parceria com uma professora da mesma universidade eo entrar no seu apartamento, descobre que ele foi alugado sem seu consentimento a um casal, que, após sua chegada, não tem para onde ir. Ao aceitar que o casal permaneça enquanto não encontram para onde ir, a vida de Walter começa a mudar quando ele se apega a Tarek e Zanaib e volta a se sentir bem, como há muito não se sentia.

O Visitante é um filme um pouco complicado: a história é bastante simples, com um roteiro bastante linear, que facilmente conduz o espectador aos dramas dos personagens. As interpretações são igualmente simples e também muito boas. Mas não me senti totalmente dentro da história do filme. É como se eu estivesse apenas o vendo, sem conseguir fazer parte dos conflitos dos personagens. Gostaria até de fazer um comentário sobre isso. Esses dias mesmo li no blog do Matheus, Cinema e Argumento, um debate sobre a relação personagem x ator. E a mesma situação pode ser aplicada nesse filme: Walter, por exemplo, o personagem de Richard Jerkins, é muito maior do que a interpretação do ator. Ele faz bem, mas a essência do personagem é ainda maior do que ele mostra. Isso nos distancia daquilo pelo que passa Walter? Não, de forma alguma. Mas senti claramente o quão grande o personagem é e compreendi que aquela atuação foi a mais próxima que o ator conseguiu compor. E é exatamente isso que acontece com Mouna Khalil e Hiam Abbass, respectivamente personagem e intérprete. A primeira é grandiosa; a segunda, correta. Tarek e Zanaiab, os outros personagens, são interessante, mas não há muito espaço para eles em cena. Ainda assim, mostram ótimos perfis no pouco tempo em que aparecem.

Como eu disse, o roteiro é simples e linear. Acompanhamos com facilidade os eventos do filme e não tenho do que reclamar a respeito disso. Com eficácia, vemos a surpresa do encontro entre os personagens, a aproximação entre eles, a dramatização decorrente da prisão de Tarek e, sobretudo, a transformação pela qual Walter passa. Num ritmo lento a princípio e mais acelerado - e muito mais interessante! - no final e por isso o meu conceito a respeito dessa obra foi subindo conforme o final se aproximava. Certamente esse é um filme de pouco destaque comercial, uma vez que não atinge o grande público, que está voltado para filmes mais conhecidos e com mais fatores atrativos. Como eu disse acima, nem mesmo eu - que sou mesmo fã de dramas - consegui me identificar totalmente. Talvez pela maneira difícil usada para aproximar situações e espectadores.

De um modo geral, acredito que O Visitante pode ser visto e acredito realmente que tinha tudo para ser um grande filme. Ótimos personagens, boas interpretações - principalmente a daquele que foi indicado -, mas o filme não brilha tanto. Torna-se interessante, pouco mais do que mediano e entretém razoavelmente o espectador. Depois de vê-lo, confesso que gostaria de ver essa mesma história sendo contada de outra maneira, tão cintilante quanto merece.

Luís
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15 de jan. de 2010

Sob a Luz da Fama

Center Stage. EUA, 2000, 116 minutos.
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Talentosos, um grupo de jovens se dedica exaustivamente arte da dança, sacrificando até mesmo seus simples prazeres pessoais para treinar com o vigor de atletas olímpicos. Enquanto vivem alegrias e tristezas relacionados ao amor e juventude, eles sonham com um lugar em uma famosa e seletiva academia de dança - fonte: http://www.adorocinema.com.br/

Sob a Luz da Fama, antes de mais nada, é um filme sobre a dança. Acima de tudo, a pretensão é mostrar um pouco da arte que a dança significa e relatar a rotina típica de jovens que se empenham para evoluir na carreira de bailarino. O que quero dizer com essa explicação é que vocês podem não ver grandes atuações ou um roteiro extremamente criativo que é diferente de tudo aquilo que foi lançado antes e de tudo aquilo que viria a ser lançado. Creio que, dentre os filmes cuja temática é a dança (incluindo todos os gêneros que se incluem nela), esse é um dos que primam bastante pela técnica, de forma que nenhuma coreografia seja mal vista por aqueles que entendem de ballet. O trabalho dos coreógrafos do filme é simplesmente irrepreensível, pois não há defeitos gritantes - os que existem são mínimos - e o principal objetivo do filme é conquistado logo no começo: fazer com que gostemos do que vemos.

Não posso deixar de dizer que a dança é bastante idealizada aqui: todos os atores são bonitos, charmosos e facilmente acreditamos que também sejam simpáticos. Nas aulas, o ritmo soa gentil, todos executam bem os movimentos e os professores parecem todos querer que todos os alunos se destaquem e também parecem ter certo entrosamento com esse ou aquele estudante, o que não creio que aconteça sempre, principalmente em uma escola onde 50 estudantes fazem aulas juntos. Não quero dizer que não haja cordialidade, mas o filme exagera um pouquinho nisso. Também é mostrado o favoritismo, que sempre está presente nas relações em que há disputas e o que ameniza o defeitinho citado anteriormente. Há ainda uma excelente crítica: algumas vezes, a fim de obter a forma, alguns bailarinos se submetem a atitudes doentias, como Maureen, que vomita após ingerir qualquer alimento a fim de permanecer como a primeira bailarina da escola.

Repleto de danças, cheio de momentos artísticos grandiosos, Sub a Luz da Fama entretém e se mostra um filme muito compentente dentro de seus padrões. A arte mostrada provoca saudosismo naqueles que um dia estiveram numa sala de aula de dança e faz com que muitos que jamais pensaram em dançar queiram experimentar o gingado do jazz ou a leveza do ballet. A última coreografia é o grande-finale, nos fazendo compreender perfeitamente a alusão à história do próprio filme e com direito a uma música do Michael Jackson, que, por sinal, é muito boa! A cena final também fará marmarjos quererem namoradas bailarinas, somente para que elas subam na moto que Jody Sawyer faz e, posteriormente, para que abram um espacato sobre eles na cama. Se quiserem saber do que eu estou falando, vejam o vídeo aqui, mas, de preferência, assistam ao filme todo.

Luís
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14 de jan. de 2010

O Doce Veneno do Escorpião


Brasil, 2005, 168 páginas - Editora Presença.
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Depois de tanta polêmica em relação à garota de programa Bruna Surfistinha, quando vi o livro não resisti e acabei comprando. Eu a havia visto em programas como o SuperPop (bahh!) e logo pensei que em algum momento ela escreveria um livro. Não me enganei, portanto. Confesso que pensei que ali não haveria literatura alguma e depois de lê-lo cheguei à conclusão de que não havia mesmo. Qualquer pessoa que tenha lido alguma revista algum dia seria capaz de escrever um livro como esse.


No entanto, nada disso significa que o livro seja chato. Pelo contrário, é bem divertido. Há, contudo, uma hipocrisia gigante nesse livro. A escritora cita orgias, masoquismos, relações homossexuais, beijos-gregos, felações, fantasias absurdas, mas evita de forma tosca palavras como “pinto”, “buceta” e “cu”, optando por formas escrotas como “p***”, “bu…” e “c…”. Achei isso muito estranho, embora não atrapalhe a leitura do livro mesmo sendo repetitivo e, às vezes, irritante.

O mais interessante do livro é saber que (isto é, se for verdade!) Raquel Pacheco, mais conhecida como a prostituta e personagem Bruna Surfistinha, estudou no Bandeirantes e tinha tudo o que muitas pessoas queriam ter. Todavia, preferiu o mundo das incertezas e se tornou uma putinha de luxo. As narrativas sobre os momentos no colégio Bandeirantes são capazes de te deixar embasbacado, uma vez que pensamos que o colégio é super-rigoroso, mas não é severo o suficiente para perceber e punir uma garota que (praticamente) masturba um garoto durante as aulas. E como se não bastasse, há ainda situações de masturbação e felação (boquete, para os leigos) na rua! Não entendam o meu comentário a respeito do colégio Bandeirantes como algo moralista; devido à classe social de quem estuda no colégio, é incomum pensar que coisas citadas no livro possam realmente ter acontecido. Logo, me surgem na cabeça duas opções: ou é mentira o que tá no livro ou há muitas coisas sob o pano. Sobre as mentiras, fiquei me perguntando: o que é verdade nessa narrativa? Certamente deve haver situações descritas de forma diferente de como aconteceram...

A polêmica Bruna Surfistinha não se limita à personagem criada por Raquel Pacheco; o livro já gerou outros dois, chamados O Que Eu Aprendi com Bruna Surfistinha e Na Cama com Bruna Surfistinha (que me remeteu audaciosamente ao documentário lançado por Madonna em 1990) e também houve um escrito pela garota cujo namorado foi “roubado” pela Surfistinha, chamado Depois do Escorpião. Não posso deixar de negar que achei muito acertada a escolha do nome do livro! Se recomendo? Sim, recomendo. Lê-lo não vai atrapalhar sua vida - não vai, contudo, acrescentar grandes coisa também.

Luís
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Putz…fui le-lo anos depois de ser lançado e ainda assim é um livro muito falado. Seriamente…achei um livro bom. Se foi a própria Bruna Surfistinha que o escreveu, tenho que admitir que pensei que fosse algo muito muito pior.

O estilo do livro é um dos que eu mais gosto: diário. Nele sempre podemos conhecer melhor os personagens e entrar na vida deles. Achei o livro em partes triste, porque mostra todo o lado marcado dela, todas as escolhas erradas e etc. e sempre torcia pra chegar as partes que ela falava da vida pessoal, da infancia, da adolescencia até sair de casa. Acreditem, a pornografia é interassante, mas é o de menos nesse livro. Sobre a pornografia, há partes muito curiosas, como a que ela fala do encontro com dois famosos e a maneira diferente de eles agirem com respeito a sua popularidade, a parte do fetiche do cara com o nº 2, e a do outro que quer “uma mãozinha” dela. Tenho que concordar com o Luís nas partes que ela evita usar pinto, cu e etc…irrita, mas não atrapalha. Vale a pena ler, não na frente da sua mãe, pois sabemos qual a imagem que Bruna Surfistinha traz.

Renan

12 de jan. de 2010

Original e Remake: Sexta-Feira 13

Advertência: esse artigo possui muitas revelações sobre o enredo do filme.
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Acredito que todos saibam quem é a maravilhosa figura que ilustra a primeira foto do post de hoje. O personagem Jason Voorhees ganhou vida em 1980, quando o primeiro filme da série Sexta-Feira 13 foi lançado. Sabemos que o que motiva inúmeras continuações não é a qualidade, mas sim o lucro que o filme rende. Assim, como teve uma boa bilheteria, o que poderia ser apenas um filme tornou-se uma série que até hoje rendeu absurdas 9 continuações, um spin-off e um remake, totalizando - por enquanto - 12 filmes nos quais Jason aparece.

Com esse post, tenho a intenção de apresentar semelhanças e diferenças entre os dois primeiros filmes da série. Como assim os dois primeiros filmes?! Discorrerei sobre os filmes lançados nos anos de 1980 e 2009, sendo que o primeiro marca a primeira ordem cronológica da série e o outro marca o início da série reconstruída. Para que fique organizado o que quero apresentar, dividirei a análise em itens. Dessa maneira, falarei especificamente sobre os personagens, as situações que os envolve, o desenvolvimento do roteiro, o elenco e, no final, apresentarei minha opinião acerca de qual obra é melhor: a original ou a refeita. Recomendo que aqueles que não viram os dois filmes e que não quiserem saber spoilers não continuem, pois revelarei bastante sobre algumas cenas.

PERSONAGENS:
Original - um grupo de jovens que foi contratado para trabalhar no acampamento Lago Cristal e antes que a temporada de férias se inicie, eles têm que trabalhar no acampamento a fim de deixá-lo apropriado para quando as crianças chegarem. Os jovens são bem diferentes uns dos outros, mas, de um modo geral, não merecem morrer.
Remake - um grupo de jovens vai passar um final de semana na casa de veraneio de um sujeito realmente chato, que só quer chamar a atenção para si. Por querer se aventurar na área do acampamento Lago Cristal, acabam atraindo o paranormal Jason. São fisicamente diferentes: há um japonês, duas loiras, um fortão, um negro - são todos diferentes para mostrar que pessoas de quaisquer etnias têm espaço em filme de terror. E são todos bastante chatos, de forma que matá-los é melhorar a sociedade.

SITUAÇÕES:
Original - os personagens realmente têm que estar no acampamento, uma vez que estão ali a trabalho. Como estão ocupados em consertar o lugar que já havia sido destruído antes, é crível pensar que não haja linhas telefônicas e que por isso eles estejam tão incomunicáveis. Eles não têm conhecimento de que estão sendo mortos um a um, de forma que não vêem por que temer fazer certas coisas que nós sabemos que não devem ser feitas, como caminhar no meio do mato à noite, ir ao banheiro desacompanhado, etc. Os corpos não vão se amontoado, assim os personagens restantes pensam apenas que os outros estão por aí e que não há com o que se preocupar. Vale ainda ressaltar que energia elétrica não se consegue fácil na situação em que eles se encontram: tudo no acampamento está em preparo e eles recorrem a um gerador, que facilmente pode ser desligado, obrigando-os a experimentar aquela escuridão. 
Remake - as únicas coisas com as quais os personagens têm de lidar é com o eletricista-ferramenteiro-ultraferoz-boxeador-encantado Jason e com a sua própria idiotice. Nada no filme justifica as atitudes das personagens - sejam os "mocinhos", seja o vilão. Na cena da imagem ao lado, por exemplo, Jason mata duas pessoas porque elas simplesmente foram nadar no lago Cristal. Os jovens estão numa casa bastante chique - fora das propriedades do Lago Cristal e do acampamento - e ainda assim extremamente vulneráveis ao Jason, porque ele parece conhecer cada cômodo da casa, inclusive onde estão os disjuntores, onde há os melhores esconderijos, etc. Os personagens correm pra lá e pra cá no escuro, falam idiotices, brincam de maneira idiota - um chega ao cúmulo de querer se masturbar na sala da casa do outro enquanto um amigo foi num galpão buscar uma ferramente. Nesse filme, o Jason é realmente a principal situação-problema dos rapazes, uma vez que ele se teleporta de um lugar para outro, consegue ler mentes e tem visão de raios-x. Bem, se isso não é verdade, pelo menos é o que parece...

DESENVOLVIMENTO DO ROTEIRO E ASPECTOS TÉCNICOS:
Original - basicamente, os personagens estão ali para morrer. Não há grande desenvolvimento, não conhecemos seus passados. Tudo o que sabemos é que foram contratados para trabalhar ali durante a temporada em que estaria aberto o acampamento. Há certa tentativa de humanizá-los, tornando-os mais maduros e críveis. Conforme a matança evolui, somando corpos, o roteiro conduz uma única personagem à situação de calamidade máxima: como está sozinha, se morrer acaba tudo. No final, há a revelação de que o assassino é alcançável e humano, que pode ser destruído. O efeito de maquiagem nesse filme é muito bom, com direito a um Jason desfigurado saindo da água e uma linda machadada no rosto, destruindo-o. O uso justificável da escuridão acrescenta certo clima ao filme, que se desenvolve satisfatoriamente.
Remake - uma série de bobagens, uma atrás da outra. Personagens que fazem idiotices e história centrada basicamente em mortes on-screen, que são bem chatinhas. Desde o começo do filme já são apresentados o mocinho e a mocinha, ficando evidente que não importa o que aconteça eles não vão morrer até que todos os outros do elenco já tenham morrido. E é exatamente o que acontece. Alguns efeitos especiais ruins acrescentam ruindade ao filme: logo no começo do filme, a mãe de Jason é decapitada, numa cena bem porquinha; um facão imenso atravessa o tronco de uma personagem e nós percebemos claramente o quão tosco foi o efeito. O computador substituiu a boa maquiagem manual e o resultado é ruim.

CENAS MARCANTES:
Original - praticamente todas as mortes on-screen do filme são interessantes, porque o trabalho de maquiagem realizado por Tom Savini é mesmo admirável. O auge do enredo é o momento em que descobrimos que o assassino não é Jason, que nem sequer teve o corpo encontrado, mas sim a sua mãe, que deseja impedir de qualquer maneira que o acampamento seja reaberto. O ápice, no entanto, se encontra próximo ao final do filme, quando Alice, a única sobrevivente, decapita a senhora Voorhees e depois, ao dormir num barco no meio do lago Cristal, é atacado por Jason, totalmente desfigurado. Quando percebemos que se trata, na verdade, de um sonho, a última frase da personagem causa certo assombro: "Então ele pode estar vivo...".
Remake - difícil dizer quais cenas sejam marcantes, uma vez que o filme é todo sem clima. Para os pornógrafos, há uma cena de sexo com ângulos legais e peitos à mostra por um bom tempo. Os que se deixam levar pelas obviedades dos filmes podem se surpreender com a cena em que a personagem que achávamos que ia permanecer viva morre com um negócio espetado no peito. Aqueles que esperam ver a senhora Voorhees perdendo literalmente a cabeça vão se decepcionar - a cena em questão é uma das primeiras e não tem clima legal, porque é descontextualizada. Talvez o melhor momento seja aquele em que Jason encontra a tão famosa máscara de hóquei e toma-a para si.

Depois de analisados separadamente, posso afirmar com segurança que os prós em relação ao filme original são bastantes. Os contras em relação à obra refeita também são bastantes. Desse modo, não me resta dúvida ao assumir que a obra original, de 1980, dirigida por Sean Cunnigham, é bem mais interessante e válida do que o remake produzido em 2009 que conta com o pop Jared Padalecki, do seriado Supernatural. Vale ainda ressaltar que os filmes não retratam o mesmo período de tempo, sendo que o primeiro mostra primordialmente eventos entre os primeiros assassinatos e a descoberta de que o assassino não é Jason; já o segundo filme, de 2009, mostra com prioridade os acontecimentos após a morte da mãe de Jason, fazendo com que seja ele mesmo o assassino principal do filme. Ainda que o filme de 1980 não seja nenhuma obra-prima do terror, é absurdamente melhor do que a sua versão mais moderna. O que acho realmente engraçado é que o remake não pode ser considerada uma obra boa - isto é, se estivermos analisando qualidades e acertos - e ainda assim eles pretendem dar continuidade à saga de Jason lançando uma continuação. Se refazer obras antigas já não é boa ideia, o que dizer de transformar em franquia um remake ruim?!

Luís

10 de jan. de 2010

Pequena Miss Sunshine

Little Miss Sunshine, 101 minutos, 2006, Comédia
Indicado aos Academy Awards de Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante (Abigail Breslin) e ganhador de Melhor Roteiro Original e Melhor ator Coadjuvante (Alan Arkin)
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Imagine um filme que tem tudo que se precisa para ter um bom filme: bons atores e atrizes, bom enredo, boa fotografia, boa direção e assim por diante. Isso é Pequena Miss Sunshine, o azarão do Oscar de 2006, já que era praticamente um filme independente e sem o grande luxo das produções Hollywoodianas. Talvez seja por isso que esse filme seja tão bom: por não ter grandes pretensões. Mesmo assim, saiu com premiações importantes, que foi a de Melhor Ator Coadjuvante para Alan Arkin, o avô de Olive e de Melhor Roteiro Original. Além das indicações que teve, indicaria também para Melhor Atriz (Toni Collette), Melhor Fotografia, e talvez na premiação de Melhor Ator, Greg Kinnear ficasse pelo menos entre os dez. Tá, talvez seja exagero, mas espero que isso dimensione o tamanho do meu apreço pelo longa.

O filme além de ser uma tragicomédia, é também um Road Movie, já que narra a estória de Olive que é chamada para participar do concurso de beleza Pequena Miss Sunshine, já que ficou em segundo lugar no anterior e a primeira colocada desistiu. O problema é que o concurso é, bem longe da casa de sua família, e é ai que todos os integrantes da família de unem nessa viagem. O melhor ponto do filme, na minha opinião, é dar a chance de todos os personagens se desenvolverem, tornando o coadjuvante quase inexistente. Todos são de alguma forma, importantes para o enredo. Outra coisa que agrada é a diversidade do núcleo, já que temos seis integrantes da família totalmente diferentes. Temos Olive (Abigail Breslin), a criança gordinha que tenta sua chance no concurso, e o filme já começa com uma cena muito, mas muito, muito boa mesmo com Olive olhando para a televisão e tentando imitar outras premiadas em concursos e nessa cena, fica claro a inocência da garota. Há também seu irmão Dwayne (Paul Dano) que sonha em entrar para a careira aeronáutica, mas diferente do que se pode imagina, ele é magro, desajeitado e segue seu ideal de não falar com ninguém, ideal esse que é quebrado em uma cena muito bonita, onde prevalece uma fotografia clara, muito bem feita com o céu bem azul, contrastando com a kombi amarela. Outro personagem importante é o pai que é um daqueles vendedores de produtos de auto-ajuda, mas ele não consegue desvencilhar a vida profissional da pessoal, por isso leva todo o discurso que usa em suas palestras para casa. A atuação é de Greg Kinnear é muito boa fazendo o telespectador sentir raiva ou compaixão pelo seu personagem em certos momentos. Há também o avô que é quem ajuda Olive, além de ser drogado e foi o vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, mostrado que sua atuação é extremamente eficiente. Por fim há o tio Frank (Steve Carell) recém-chegado na família vindo de uma clínica, pois tentou suicídio e também há o fator da sexualidade já que ele é gay e temos também a mãe que administra tudo isso interpretada pela Toni Collette que já mostrou sua cara antes em As Horas.

Pequena Miss Sunshine com toda certeza é recomendável e daria a dica para assisti-lo sozinho. Esse é um daqueles filmes que nos emocionam, que nos fazem rir ou sentir pena nas horas certas.

Renan

8 de jan. de 2010

Despedida em Las Vegas

Leaving Las Vegas. EUA, 1995, 111 minutos. Drama.
Ganhador do Oscar de Melhor Ator e indicado a Melhor Atriz, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado.
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O que motivou a ver esse filme foi o fato de Nicolas Cage ter vencido o Oscar na categoria em que concorreu. Considerando sua irregularidade como ator, me surpreende que já tenha conquistado o maior prêmio do cinema e, dada a estranheza do fato, eu necessitava realmente conferi-lo. Jamais o tinha visto em uma locadora, até que surpreendentemente eu o vi numa das prateleiras juntamente com outros filmes que eu também gostaria de ver - e que logo também estarão por aqui.

Ainda que não tenha sido indicado a Melhor Filme, eu acredito que facilmente poderia estar nessa categoria, pois o resultado final do filme é realmente bom. Acredito que as duas melhores características sejam o roteiro e a interpretação fantástica de Elizabeth Shue, que com certeza estava no melhor papel de sua carreira e realmente duvido que venha a repetir o brilhantismo em uma futura atuação. A respeito do filme como um todo, penso que seja muito satisfatório e, sobretudo, perturbador. A proposta a respeito da abordagem principal é realmente complexa e vê-la se desenvolver é um prazer muito grande para o espectador. A ideia capital parte da união de uma prosituta e um alcoólatra. Os dois se encontram casualmente e rapidamente descobrem que são aquilo de que precisam: os dois têm problemas e podem se ajudar. Ao mesmo tempo, eles não abrem mão de ser quem são e, como resultado, têm que conviver com aquilo que percebe ser perigoso no parceiro.

Comentei sobre esse filme com algumas pessoas e alguns torceram o nariz. Provavelmente pensaram "Que grau de complexidade pode haver entre uma prostituta hostilizada e alcoólatra irreversível?", mas é fato que são exatamente essas condições que tornam os personagens tão belos e reflexivos. A relação entre eles é significativamente perturbadora e, ao vê-la se consumando - e ao mesmo tempo os consumindo -, eu me senti totalmente impotente, pois não conseguia me imaginar numa situação como aquela por qual eles passam. É difícil dizer até que ponto somos fortes o suficiente para amar alguém que está se destruindo e não oferecer ajuda para contornar essa potencial destruição. E como amar respeitando a opção que a outra pessoa fez por se auto-destruir? E, diante do amor, como ainda querer se destruir sabendo que isso causará mal à outra pessoa? Pois é exatamente isso que envolve Sera, a prostituta, e Ben, o alcoólatra. Na minha opinião, embora a liderança seja dividida pelos dois atores, Sera é uma personagem bem maior do que Ben. Minha atenção estava realmente mais voltada para o desempenho de Elizabeth Shue, que realmente compôs uma mulher complexa, cercada por decisões difíceis. Um momento lindo, bastante cativante do filme, é quando Ben faz um escândalo num cassino e Sera consegue tirá-los de lá. Mais tarde, quando ele pergunta como ela fez isso, ela conta que disse que ele era alcoólatra e que eles jamais voltariam lá de novo. Ou seja, ela também sacrificou um pouco daquilo a que ela tinha direito a fim de continuar com Ben que nem sequer consegue comer aquela gostosura de mulher.

Os atores estão numa sincronia ótima. Shue e Cage dividem as cenas com muito equilíbrio e Mike Figgs soube como dar aos dois a atenção que eles merecem. Embora interligadas, suas histórias não são contadas somente quando há envolvimento entre os personagens, permitindo que a atriz tenha destaque e o ator também, seja em momentos individuais ou em parceria. Nicolas Cage não é nenhum grande ator, ele é bastante irregular. Cabe a Elizabeth Shue dar a Ben o brilho que ele não tem. A interpretação de Cage é muito mais gestual, algumas vezes um pouquinho exagerado em suas caras e bocas, mas correto de um modo geral. Eu não ousaria premiá-lo por sua interpretação, pois, como disse, ele está apenas correto. Shue, por sua vez, brilha e cativa o espectador. O filme é seu e quando eu revê-lo certamente será para vê-la de novo em cena. Na cerimônia de 1996 - que curiosamente contava com Sharon Stone por um papel de prostituta também de Las Vegas -, Shue tinha chances de ganhar, mas estava concorrendo com feras da interpretação, como Meryl Streep e Susan Sarandon, que acabou levando o prêmio pra casa.

Acredito que sobretudo vale ver o filme por causa da pertubadora relação mostrada entre os personagens principais e pela magnífica interpretação de Elizabeth Shue, que realmente me conquistou por esse filme. De um modo geral, é um filme regular, que segue uma linha positiva e muito linear. Os diálogos são pesados e algumas situações são realmente angustiantes, mas, exatamente por isso, o filme se eleva e se torna bem melhor do que poderia ter sido. Nunca li a obra na qual ele foi baseado, mas o Marcelo, do Diz que Fui por Aí, comentou que o autor do livro se suicidou pouco antes do lançamento do filme - o que é chocante e talvez explica de onde veio tamanha capacidade de elaborar personagens tão complexos.

Luís
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Fale com Ela


Hable con ela. Espanha, 2002, 112 minutos. Drama.
Ganhador do Academy Award de Melhor Roteiro Original e indicado a Melhor Diretor.
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Há muito queria assistir a esse filme, pois já tinha lido ótimas críticas sobre ele e não se pode simplesmente deixar de assistir a uma produção de um dos melhores diretores da atualidade. Aos que não conhecem nada dessa obra, explico que foi dirigida por Pedro Almodóvar, um homem que consegue acrescentar beleza às cenas mais incomuns, e que, por esse filme, recebeu sua primeira indicação ao Oscar, embora anteriormente atrizes que tenham atuado sob a direção dele já houvessem conquistado a indicação. Considerando os vários filmes - no geral, muito bons - nos quais esteve envolvido, eu me sentia culpado por ainda não ter conferido essa obra. E sete anos depois de lançada oficialmente, eu finalmente posso dizer: este é um filme que vale muito a pena ver!

Marco conhece Lydia quando tenta fazer uma entrevista com ela, pois acredita que, bem diferente da aparência firme que apresenta quando se exibe como toureira, ela, na verdade, esconde muito desespero em suas ações. Vinda de um relacionamento complicado, Lydia envolve-se com Marco, mas, por causa de um acidente, ela entra em coma, fazendo com que ele fique dia e noite no hospital ao seu lado. Lá ele conhece Benigno, um enfermeiro contratado com exclusividade para cuidar de Alicia, com quem conversa todos os dias e por quem nutre profundo apreço. Passando a conviver, os dois se encontrar em reais dificuldades a respeito de falar com elas: um por excesso, outro por não fazê-lo.

Como se percebe, o tema já sugere um drama muito pesado. No entanto, o filme equilibra muito bem a densidade que aborda, tornando-a não tão dolorosa - para quem assiste - nem tão superficial. O que quero dizer é que as todas consequências mostradas são mais psicológicas do que perceptíveis aos nossos olhos: precisamos nos aprofundar nos possíveis sentimentos dos personagens para que possamos compreendê-los com a perfeição que merecem. É importante ressaltar que, acima de tudo, o filme aborda relações amorosas em suas mais diversas estruturas e, desta maneira, consegue nos pôr diante de um leque, no qual podemos enxergar um número bem grande de relacionamentos, tanto os imprecisos quantos os já muito firmes. É importante tomar nota da transformação que acontece ao longo do filme em relação às personalidades dos personagens, que vão se modificando, permitindo-se experimentar situações que antes lhe pareciam inviáveis, desde o ato de falar com ela quanto a consumação do amor. É realmente difícil falar sobre esse filme, pois ele é, ao mesmo tempo, tão poético e tão realista, que percebo que se me prolongar, acabarei dispersando e divagarei sobre inúmeras coisas as quais o filme me remeteu. O roteiro certamente merecia uma indicação, pois definitivamente é muito original e consegue nos entreter a todos os momentos, sem nos cansar. As divisões feitas para nos mostrar explicitamente os casais - Marco e Lydia, Benigno e Alicia - dão um charme a mais, quase como se delimitasse o filme em dois capítulos referentes cada um a um casal de personagens.

Quanto ao roteiro e à direção de Almodóvar, cabe a mim apenas alogiá-los, pois o diretor conseguiu ao mesmo provar sua capacidade criativa de duas maneiras: nos contando uma história e conduzindo os atores. Muitas pessoas reclamam das tomadas que ele usa, normalmente porque os ângulos são inusuais e isso provoca certo estranhamento. Mas, definitivamente, acredito que essa é uma das características que dão mais charme às obras desse diretor, que há muito vem provando ser um dos grandes nomes por trás das câmeras. Um dos ápices do filme quanto à estranheza se dá no momento em que Benigno conta à Alicia a história do filme a que assistiu, no qual uma cientista tem seu namorado reduzido por causa de uma poção que preparou e, posteriormente, tão pequeno, ele consegue entrar inteiro na vagina dela, de onde nunca mais sai. Os ângulos mostrados, a maneira como a cena é mostrada, intercalando o pseudo-filme e o filme de verdade, causa no espectador certa admiração. Não consegui uma justificativa que racionalizasse com precisão esse sentimento que tive, mas não posso deixar de comentá-lo. As atuações são muito boas e os atores intérpretes de Marco e Benigno traduzem com bastante eficiência o universo de seus personagens; desta maneira, podemos ver suas inseguranças e suas certezas sem ausência de linearidade. Do começo ao fim, suas participações são muito estáveis. As atrizes que interpretam Alicia e Lydia, respectivamente Leonor Watling e Rosario Flores, embora participem pouco, estão muito bem em seus papéis, o que resulta num quadrado de atuações muito válidas. E isso logicamente aumenta o meu apreço pelo filme, uma vez que é realmente difícil que todos os atores de uma mesma produção se saiam bem defendendo seus personagens.

Ao final do filme, temos a certeza de que todos os pontos foram concluídos e todas as abordagens receberam os seus merecidos fins. Na última cena, temos também a certeza de que um pensamento foi modificado e que pelo menos um personagem conseguiu abrir sua mente para aquilo que era importante antes, mas que ele não sabia: aprendeu a falar com as pessoas. Com se não bastasse o fechamento satisfatório, há ainda aquele soco no estômago devido à moral implícita a respeito do quão válido é dizer a verdade. Almodóvar justifica bem a posição que conquistou na lista dos 25 filmes estrangeiros mais importantes da década: esse é um filme para se assistir a cada ano, sempre buscando novas perspectivas, sempre a analisá-lo poeticamente, compreendendo as diversas nuances quanto à personalidade que o filme apresenta.

Luís

6 de jan. de 2010

Onde os Fracos Não Têm Vez

No Country for Old Men. EUA, 2007, 125 minutos. Drama.

Indicado a 8 Academy Awards, venceu por Melhor Filme, Melhor Direção (Irmãos Coen), Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado.
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Onde os Fracos Não Têm Vez é um daqueles filmes que a princípio pensamos tratar-se de uma produção supervalorizada e que, provavelmente, não merecia todas as categorias em que concorreu. No entanto, não precisamos de mais do que vinte minutos para constatar que, se realmente não foi o melhor dentre os selecionados, certamente nos proporcionará duas horas de cinema de verdade. Os irmãos Coen realizaram uma obra que marcará os admiradores de bons filmes, pois cuidaram para que pudessem presenciar não somente ótimas atuações como também víssemos qualidades técnicas inquestionáveis.

Llewelyn Moss encontra vários homens mortos numa região do deserto; constata que o comércio da cocaína presente numa das picapes deu errado e, achando uma maleta com muito dinheiro, resolve pegá-la para si. Essa atitude gera uma perseguição implacável, que nem mesmo o xerife da cidade consegue controlar. Esse resumo poderia te fazer pensar que a abordagem do filme é tipicamente policial, com perseguições de carro, muitos tiros, etc.; ainda pode fazer com que você que se assemelhe às característica do filme O Exterminador do Futuro. Pois bem, está muito longe de ser qualquer um dos dois. O filme tem um estilo muito próprio e podemos perceber que a regularidade do que é proposto traz estabilidade a ele. Por exemplo, vemos o mesmo tom do início ao fim, sem quedas de qualidade, sem excessos. O fato de o filme se passar há algumas décadas e, principalmente, numa área deserta, traz um ar de faroeste, que chega a ser quase nostálgico - embora eu nunca tenha estado num faroeste.

A força de vontade de Llewelyn é comovente. Durante o tempo todo torcemos para que o assassino vivido por Javier Bardem não consiga pegá-lo. O grande acerto do filme é nos fazer compreendê-lo totalmente. Com isso, quero dizer que nós podemos acompanhar a trajetória dos personagens, somos convencidos pelos atores, nos entregamos à ótima fotografia, admiramos o roteiro e, sobretudo, não sentimos necessidade de que ele acabe rápido e, ao acabar, achamos que foi pouco. Vou falar um pouco sobre o roteiro: sinceramente, é um dos mais interessante que vi nesses últimos anos. A história não é complexa, nem há indas e vindas no tempo; basicamente, o que cativa o espectador é a simplicidade e eficiância do que é contado. Certamente me agradaria ler o livro em que o filme foi baseado. Nas mãos de outro diretor, o tema um-homem-que-foge-de-um-assassino poderia se tornar quase ficção científica, tamanha a quantidade de efeitos pirotécnicos; aqui, temos tudo o que citei acima.

Os atores estão realmente muito à vontade em seus papéis e não tenho como repreender a atuação de nenhum. Desde aquele que aparece mais, Llewelyn, até o que aparece menos, sua esposa Carla Jean, realizam um excelente trabalho. Dentre todos, aquele que mais se destaca, sem sombras de dúvida, é Javier Bardem, interpretando magistralmente Anton Chigurh, o assassino que caça incansavelmente Llewelyn. Uma vez em cena, até o espectador fica assombrado com o olhar vidrado do personagem. Outro ponto positivo para a compõsição de Anton: ele não é totalmente desprovido de humor. Ainda que não seja tipicamente risonho, suas falas frias dão o toque certo de sarcasmo para que gostemos - sim, não há como dizer que não gostei - do personagem. Com sua excelente interpretação, Bardem garantiu uma posição na lista dos melhores assassinos do cinema, que, além de completamente insano, ainda tem peculiaridades engraçadas (basta ver a maneira simpática de arrombar a porta e o cuidado com os sapatos. Tommy Lee Jones, em papel secundário, também está muito expressivo, fazendo com que os monólogos e divagações de seus personagens apenas acrescentem ritmo e dramaticidade a tudo que vemos; em nenhum momento nos sentimos insatisfeitos com suas histórias e, assim como o sarcasmo de Chigurh, o xerife também usa de frases irônicas para ser engraçado - ainda que não se admita assim. Já Josh Brolin, num excelente momento, compõe Llewelyn Moss de maneira muito interessante: nós simplesmente estamos do lado do personagem o tempo todo e acompanhamo-no em todas as suas emoções, principalmente no sentimento instintivo pela sobrevivência, que inclui aguentar dores e ficar calado. Acredito que seja por causa desse filme que Brolin conquistou sua indicação no Oscar de 2009 pelo filme Milk - como a Academia não o indicou por sua atuação em Onde os Fracos Não Têm Vez, decidiram consertar o erro no ano seguinte, indicando-o por uma atuação que, definitivamente, é inferior a essa.

Esse é um daqueles filmes para se assistir sozinho, acompanhado, de dia ou de noite; o importante é vê-lo! Como eu disse, não foi supervalorizado: apenas recebeu tudo aquilo que merecia, porque, indiscutivelmente, vale as duas horas de projeção e o espectador, se não alegra totalmente ao terminar de vê-lo, pelo menos sabe que esse filme ficará na lembrança por um bom tempo.

Luís
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Onde os Fracos não tem vez é um daqueles filmes que, quando se acaba de ver, se pensa: "Que puta filme bom". Nem preciso dizer que adorei o longa e o conferi mais de uma vez em duas semanas. Tudo no filme funciona bem, e esse entraria na minha lista dos 10 melhores filmes que assisti.

O filme nos remete a um passado que fica entre o faroeste de Giuliano Gemma que meu pai adora e os filmes de ação que estamos acostumados, e talvez por isso o longa ganha um rumo diferente que o torna diferente de tantas obras que poderiam se assemelhar a ele, fazendo deste, um filme imperdível. Tenho que concordar com todas as indicações e premios que o filme levou. Talvez tenha havido uma falha quanto a não indicação de Josh Brolin, mas tudo bem. Agora, quem mereceu a indicação e o premio foi Javier Bardem. Papel incrível o dele, extremamente denso e a atuação fria, calculista e até um psicopata dele leva o filme para um patamar superior. Com certeza Bardem é um dos melhores atores de sua época só de analisar filmes como esse e Mar Adentro.

Outros pontos como a atuação modesta mas eficaz de Tommy Lee Jones deve ser lembrado, assim como os cenários e a fotografia eficaz que traz a tona mais suspense e mais adranalina ao filme que consegue nos segurar, vidrado em frente a TV, durante suas 2 horas de filme.

A direção de Joel e Ethan Coen também é de grande eficácia. Filmes como Queime depois de Ler, dos mesmos diretores, tendem a não agradar a todos (embora eu tenha gostado), mas com Onde os Fracos nao tem Vez isso não acontece. Esse filme é indicado para qualquer situação. Filme com amigos? Filme com a família? Filme sozinho? Escolha esse e não terá erro.

Renan

4 de jan. de 2010

O Caçador de Pipas


The Kite Runner. EUA, 2003, 365 páginas - Editora Nova Fronteira.
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* Eleito MELHOR LIVRO DO ANO, pelo San Fracisco Chronicle
* Selecionado entre os DEZ MELHORES DO ANO pela Entertainment Weekly
* Destacado como LIVRO NOTÁVEL, pela American Library Association

Essas são as 3 críticas que vem contra-capa do livro. Aquelas que todo livro tem, e que você suspeita sempre delas…Mas essas são verdadeiras. O caçador de Pipas é quase como um Harry Potter para adultos, foi febre, e na lista dos mais vendidos da VEJA por várias semanas, todos que lêem, gostam.

Não posso deixar de citar que é um pouco apelativo pro lado emocional  e na minha opinião, prefiro "A Cidade do Sol"., outro livro de muito sucesso do mesmo ator. Bom…mas estamos aqui para falar desse livro.

O livro conta a história de Amir (o garoto da classe mais alta da sociedade afegã) e Hassan (que em contraste com Amir é da classe mais baixa da mesma sociedade), que cresceram, brincaram, soltaram pipas juntos…aqui vou citar um trecho do resumo do livro, pois não conseguiria fazer melhor

"…Amir nunca foi o mais bravo ou o mais nobre, ao contrário de Hassan, conhecido por sua coragem e dignidade. Hassan que não sabia ler nem escrever, era muitas vezes o mais sábio, com uma aguda percepção dos acontecimentos e dos sentimentos das pessoas. E foi esse mesmo Hassan que decidiu quem Amir seria, durante a batalha da pipa azul, uma pipa que mudaria o destino de todos no iverno de 1975, Hassan deu a Amir a chance de ser um grande homem, de alterar sua trajetória e se livrar daquele enjoô que sempre o acompanhava, a nausea que denuciava sua covardia. Mas Amir não enxergou sua redenção".

Essa é a historia básica. Com passagens que nos emociona muito, como a cena do beco, a parte do banheiro com Sohrab, as últimas páginas no parque, a dificulade de Soraya com Sohrab, ver baba antes e depois. Ficamos com raiva de Amir, mas por ele ser o personagem principal, e extremamente bem construído acabamos nos apegando a ele e entendendo seus erros como homem. Isso é o legal…não temos um vilão e um mocinho e sim vemos os dois em um e aprendemos a entender os dois como um. Livro altamente recomendável .

Renan
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