8 de mar. de 2010

O Terceiro Travesseiro

Brasil, 2003, 210 páginas - Editora GLS.
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Não me lembro muito bem como me interessei por ler esse livro. Sei que alguém comentou comigo a respeito dessa obra e eu pesquisei a respeito. Considerando a série de informações - mentiras, diga-se de passagem - que encontrei, achei que a obra poderia ser interessante. No perfil desse livro do site skoob, vi que a maioria dos leitores havia apreciado a leitura e o conteúdo do livro. Logo, me senti obrigado a conferi-lo e foi o que fiz.

Primeiro: não foi fácil encontrar o livro. O motivo deve ser bastante simples: de tão ridículo, nem as bibliotecas municipais aceitam doações que o contenham. Assim, tive que baixar pela net e lê-lo no computador, o que tornou a minha leitura ainda mais prazerosa (pura ironia). Então, comecei a conhecer a excepcionalmente brilhante história de Marcus e Renato. O primeiro nutria há algum tempo desejos sexuais pelo segundo, de modo que num momento apropriado os ânimos se exaltaram e eles descobriram que curtiam um ao outro. A princípio confusos e depois firmes em suas convicções, ambos começaram um relacionamento em segredo até contarem para seus pais. Desse modo, a vida dos jovens torna-se bastante complicada, principalmente quando surge a inclusão de um terceiro elemento: Beatriz.

Admito: simplesmente não entendo o que motivou tanta gente a apreciar esse livro. Tudo nele é muito precário, desde a estrutura da escrita até a concepção dos personagens e das situações-problemas que os envolvem. Nada é realmente denso e isso fica extremamente claro nas opções do autor. Ele limita a meia página um conflito familiar e dedica duas páginas inteiras para as descrições das relações sexuais dos personagens. Não é necessário chegar à décima página para descobrir que o foco do livro está bem longe de ser o afastamento do preconceito. O foco do livro é descrever o quanto os personagens gostam de transar e fazer porquices, incluindo comer hambúrguer recheado com sêmen e beber vitaminado com esperma. Com descrições como essa, o leitor não pode nem sequer levar a sério a proposta do autor. E o surpreendente é que muitos insistem em enxergar além, procuram o que não existe e usar esse elemento inexistente para dizer o quanto o livro é bom.

Não sei exatamente quantos anos o autor tinha quanto escreveu essa pérola - no sentido perojativo, que fique claro! Pela maneira como o texto foi concebido, imagino que Nélson Luiz de Carvalho tivesse 13 anos e estivesse com vontade de realizar tudo aquilo que escreveu em seu livro - incluindo dormir com o rosto encostado no pênis lambuzado de algum rapazinho. Não quero ser ofensivo, mas qualquer pessoa que tenha lido uma única vez uma revistinha de contos pornográficos e que tenha frequentado o ensino fundamental consegue elaborar um texto como o de O Terceiro Travesseiro.

Luís

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Pra mim, O Terceiro Travesseiro deve ser dividido em duas partes, sendo que 90% do livro é pura bobagem e os outros 10% achei bons. Felizmente a parte boa fica bem no final e dá a impressão que a leitura não foi uma total perda de tempo. Assim, como dividi o livro, irei analisa-lo em duas partes.

Parte tosca: Como dito, ocupa a maior parte do livro. É nela que somos apresentados aos personagen principais que são constituídos pelo Renato e Marcus, o casal mais escatológico da história, Beatriz, a garota que parece passar fome e topa tudo pra ficar com um dos ricos, o pai de Marcus, o mais centrado da história, e a mãe de Marcus, a macumbeira. Tenho que avisar que li o livro baixado da internet e talvez por isso o livro seja tão mal editado (ou não). Em um parágrafo não tão grande, Marcus diz a palavra "pai" umas dez vezes, sendo que pelo menos a metade poderia ser substituída por "você" ou equivalentes. A incapacidade do autor de criar um clímax também é notória, além de cortes brutos de assuntos, quando o parágrafo anterior deveria ter sido melhor encerrado. Em algumas partes, a tosquice é tamanha que em vez do autor criar um clima dramático, ele gera no leitor crises de risos. Não há como não parar de ler e dar um tempo para recuperar o fôlego depois de ler numa discussão: "Meu filho é bicha. Quer ser mulher!". No final, onde as partes boas ganham espaços, ainda há espaços para a baboseira como nos diálogos que parecem ser retirados de novelas mexicanas. O livro também peca, e muito ao virar as costas para uma construção mais profunda, algo que o tema pode dar. Não digo que as relações dos personagens são superficiais, mas poderia ter sido retirado mais. Falando em tema, esse livro se trata sobre a homossexualidade de dois amigos que se apaixonam. Por vezes, o sentimento se confunde com sexo. Marcus e Renato parecem não conseguir ficar sozinhos sem fazer sexo ou um oral um no outro. A promiscuídade se sobrepõe ao sentimento amoroso. Outra coisa que citei acima e que ocorre no livro são duas passagens bem nojentas envolvendo comida. Não discutirei isso aqui pois fetiche e tesão variam de pessoa pra pessoa, mas pra mim, o vitaminado nunca mais será o mesmo.

Parte boa: Acho que o autor deve ter sido mudado nos 45 do segundo tempo. No final, o livro ganha uma cara séria. Há uma passagem que achei que ficou bem legal que é a que Marcus se diz sem chão, que está sucumbindo, e entre os seus dramas há trechos do Pai Nosso e da Ave Maria. A presença de Beatriz é bem estranha, mas com isso, o trio ganha mais força. O fato do livro não terminar tão bem também é um ponto positivo já que só assim ele ganha traços de um drama de verdade, sendo consistente e sério. É aí que há a destruição de laços que pareciam ser firmes. A volta de um elemento do trio também ficou bem escrita, como se houvesse mesmo o medo da perda em ambos os lados.

Como se pode perceber, O Terceiro Travesseiro tem, com absoluta certeza, mais erros que acertos, por isso recomendo: Não comprem esse livro. Não fiquem em uma fila de espera por ele. Não se dêem o trabalho de baixa-lo pois é um livro bem pobre. Talvez, bem talvez se ele aparecer em suas mãos, de uma folheada nele, mas se não gostar mesmo, abandone sem dó.

Renan

8 opiniões:

Marcelo A. disse...

O Terceiro Travesseiro foi a pior coisa que li em toda minha vida. Não esperava que o livro fosse tão ruim, visto possuir uma legião de adoradores que o proclamam como uma espécie de Romeu e Julieta gay.

Êta, livrinho mal escrito, meu Deus! Sinceramente? Até uma criança de dez anos escreve melhor! Os diálogos são pobres, a estrutura do texto é esdrúxula e o enredo é pior que uma página de um site de contos eróticos.

Ao contrário do Renan, pra mim, nenhuma parte se salva. O autor ainda tentou dar uma dignidade à história com o final melodramático. Não me convenceu...

E dá-lhe vitamina - ou vitaminado, como vocês aí em SP preferem!

Débora disse...

Meeuu esse livro é muuito punk!! Eu terminei de lê-lo porque eu disse que o leria e sou muuito perseverante!!^^ Como o Marcelo disse, eu acho que foi a pior coisa que eu li em toda a minha vida!
A historia tem potencial, mas o autor deixa tudo morrer no comum, não explora as possibilidades de fazer drama, não consegue prender a atenção do leitor!
Eu estava com receio de classificar esse livro como ruim, porque andei pesquisando o autor, e vi que ele faz parte de uns poucos autores de sucesso que tentam criar uma literatura gay.Aliás, respondendo a pergunta do Luís, no post, eu acho que o livro fez tanto sucesso por fazer parte de uma literatura em expansão...e a tendência dos GL&s é incentivar esse tipo de coisa. Como eu nao sou adepta de incentivar coisas ruins (Alimentar o mico, como se diz)eu também não recomendo o Terceiro Travesseiro.

Anônimo disse...

Eu tenho 10 anos e gostei muitoooooooooooooo disso

Nanabio disse...

Eu achei a historia do livro fantástica, mas os falar precárias e o vocabulário "esdrúxulo", talvez proposital. Mas se melhor trabalhado ia ser um excelente livro.

Anônimo disse...

EU JAH LI ESSE LIVRO UMAS 3X E SEMPRE SEIO QDO EU POSSO EU ACHO Q O MARCELO E NOSSA OUTRA AMIGA AI DE CIMA NUM PRESTARAM ATENÇÃO MAS O Q ACONTECE NO LIVRO EH REAL ELE APENAS CONTA O Q ELE VIVEU NUM FOI NADA INVENTADO AGORA SE VC ACHOU UMA COISA "ESDRUXULA" E SE VCS ACHARAM UM LIXO NUM POSSO MUDAR A OPINIÃO DE VCS MAS PENSEM BEM ANTES DE FALAR MAL DO LIVRO PODE CONTER ERROS SIM MTOS MAS EH UMA HISTORIA MTO LINDA...

Anônimo disse...

Pois é ...baseado em fatos reais,este romance desafia rótulos e hipocrisias,revelando os meandros de consciência de um jovem comum da classe média paulistana diante das solicitações e dos apelos sexuais do mundo moderno em que vive. O objetivo do autor é fazer que as pessoas reflitam sobre o próprio comportamento, tornando-se mais abertas e generosas e aprendendo a respeitar o outro em todas as suas dimensões.
O Livro O Terceiro Travesseiro é muito bom e indico para todos !

Anônimo disse...

Eu vou falar por mim: Li o livro quando tinha 17 anos e estava no processo de "saida do armario". Na epoca, meus pais ainda nao sabiam exatamente, mas ja estavam desconfiando e por isso, eu vivia em uma mentira, meio que parecida com a do personagem do livro.
Uma amiga da escola me emprestou ess livro e disse que eu deveria devolver no outro dia, pois não era dela, e eu comecei a ler correndo no escondido, com medo de alguem descobri que estava lendo algo "gay". A barra estava pesada na época, na minha casa, e eu fazia tudo meio que com medo.
Bom, como foi o primeiro livro em que eu li sobre dois rapazes, fiquei totalmente emocionado com a história. Ele entrou para a minha lista dos livros favoritos e sempre teve um lugar no meu coração...

Bom, isso foi a mais de dez anos atrás:

Comprei o livro e resolvi relê-lo. E que desapontamento. A escrita é muito pobre, o estilo é pobre, e há uma constante repetição dos nomes das personagens nos dialogos que chegam a dar nos nervos.

No entanto, o livro foi ótimo, pois fez parte de uma fase importante da minha vida e me ajudou bastante a compreender diversas coisas a meu respeito. Claro que o tema poderia ter sido trabalhado melhor, com menos apelação sexual, mas na primeira vez que eu li, isso foi como uma abertura para um novo mundo.
Hoje, caso nunca o tivesse lido, talvez até teria terminado, mas não iria nem perder tempo comentando a respeito.

Gilson maciel disse...

Meu nome GIlson maciel40 anos
É uma histria de amor infeslimente nao terminou com um final feliz, mas até hoje nunca se falou de um amor gay tão verdadeiro um caso real.Quando se ama de verdade cedo ou tarde agente fica sem a pessoa que a gente ama fisicamente mas no coraçao enternamente.