11 de abr. de 2010

Mulher-Gato

Catwoman. EUA, 2005, 97 minutos. Ação.
Ganhador do Framboesa de Ouro de Pior Filme e Pior Atriz (Halle Berry).
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Esse filme surgiu em 2005, mas vale lembrar que esse não é o único filme em que a personagem-título aparece no cinema. Anteriormente, ela havia sido apresentada com outro nome, num outro enredo e com outra atriz personficando essa anti-heroína. Os que têm boa memória e os que são fãs da série Batman, se lembram da personagem num dos filmes da cronologia antiga, que se iniciou em 1989 com Batman e foi toscamente encerrada em 1997, com Batman e Robin. A Mulher-Gato apareceu no segundo filme da série, entitulado Batman - O Retorno, de 1991, e foi deliciosamente vivida por Michelle Pfeiffer.

Pois bem, 14 anos depois, num filme independente, a Mulher-Gato não se chama Selina Kyle; seu nome nesse spin-off é Patience Philips e é interpretada por Halle Berry, que estava em alta desde que ganhou o Oscar em 2002 pelo filme A Última Ceia. Patience é uma designer desajustada, que tem problemas com horários e com relacionamentos. Trabalha para uma empresa de cosméticos e uma noite, sem querer, descobre que um dos produtos prestes a ser liberado para consumo provoca sérias doenças de pele. Ao ser flagrada, é perseguida por segurança e para no tubo de despejamento de resíduos da fábrica que, ao ser acionado, a joga num lago de esgoto, matando-a. Alguns gatos, no entanto, com poderes especiais, permitem-na viver de novo, desta vez assumindo as características de uma felina - e assim surge uma das personagens mais toscas dos filmes.

Comparações são inevitáveis. Assim como as interpretações de Jack Nicholson e de Heath Ledger foram comparadas, as de Michelle Pfeiffer e de Halle Berry também passaram pelo mesmo processo. Em relação aos atores, muitos espectadores se dividem e muitos gostam do Curinga antigo enquanto outros preferem o Curinga atual. A respeito da Mulher-Gato, eu realmente duvido que haja alguém que prefira a versão bestificada à maravilhosa interpretação de Pfeiffer. A começar, a personagem Patience tem um desenvolvimento estranho e toda introdução que o filme faz à personagem e ao início do relacionamento entre Patience e Tom, o detetive de polícia, é embasado em clichês. Já estamos cansados de ver romances que se iniciam quando pessoas bobocas, como Patience, resolvem fazer alguma coisa que dá errado - como subir na janela de um prédio para tentar pegar um gato - e acabam sendo confundidas com potenciais suicidas que precisam de ajuda. Quando vi isso, já percebi que o filme não ia pra frente. A personagem é tímida em relação aos relacionamentos amorosos, mas ela é bastante despojada, muito free-way, parece não ter preocupações. Para tentar mudar essa visão, o diretor resolveu colocar uma situação-problema que a obrigasse a parecer preocupada, que é a obrigação de entregar uma nova proposta de desenho de um produto. Obviamente que não funciona.

Vamos retomar a interpretação de Michelle Pfeiffer. Selina era a típica secretária funcional, trabalhando 24 horas por dia, sem tempo para si mesma. Seu estilo de vida não lhe permitia diversão e ao se tornar a Mulher-Gato podemos ver contraste acentuado. O mesmo não acontece com Patience Philips. Sabemos que para melhorá-la basta trocar uma peças de roupas. Assim, boa parte do carisma da personagem desaparece. Pois bem... vamos à parte em que Patience torna-se a personagem-título. Primeiro: o vestuário dela é muito feio, se assimilando mais a uma prostituta motoqueira do que a uma mulher sedutora e, ao mesmo tempo, perigosa. Segundo: os movimentos da personagem não se parecem com os movimentos de um gato. Jamais vi um gato que corra pelo teto! Certamente sobem muros e pulam de grandes alturas, mas é um absoluto exagero fazer parecer que aquela cena do roubo à joalheria seja aceitável. Terceiro: o propósito da personagem de encontrar quem fez àquilo a ela é muito mal aproveitado. Surge como segundo plano, encoberto pelas situações confusas e sem graças pelas quais Patience-ortônima passa e pelo relacionamento bobo dela com o policial mais bobo ainda.

Halle Berry é bonitinha, mas a sua atuação nesse filme não consegue nem usar sua beleza como atrativo. Há tantos efeitos especiais que até penso que a caminhada dela enquanto Mulher-Gato tenha sido computadorizada. Aliás, há muito brilho e curvas estranhas em seu corpo. Mais realidade e menos photoshop fariam bem à cena. Sua atuação beira o ridículo, com direito a cenas bem infames, como a luta contra a vilã interpretado por Sharon Stone. Esta, aliás, está igualmente péssima - se analisarmos com mais frieza, talvez esteja ainda pior do Halle Berry.  Mas chegam a ser engraçadas algumas cenas com sua personagem, principalmente aquela em que ela cai da escada porque fui empurrada pela Mulher-Gato. Simplesmente absurda! Eu mesmo tive que voltar a cena umas três vezes para ver e dar risada! Depois rola a interpretação da luta entre as duas. Halle Berry e Sharon Stone podiam ter sido indicadas a algum prêmio na categoria Pior Tentativa de Luta, porque a cena chega a ser risível de tão patética. Se a personagem de Sharon Stone não tivesse o fim que teve, poderia até rolar um outro spin-off entitulado Mulher-Mármore. Benjamin Bratt, aquele ator patético que não sabe fazer nada a não ser se repetir, tem função de coadjuvante aqui e ele traz chatice ao filme, já que sua interpretação é a mais comum. Nem podemos rir, o que é pena.

Eu tô aqui reclamando sem parar e vocês devem estar pensando que eu detestei o filme. Admito: como obra cinematográfica, a qualidade é péssima. Mas rola entretenimento, viu! Até porque dá pra rir em muitas cenas, seja a transformação de Patience, a baboseira do misticismo envolvendo as Mulheres-Gato, a cena de luta entre a personagem principal e vários policiais durante um espetáculo de ballet, e, por fim, a mais divertida: a luta sobre a qual comentei acima. Minha sugestão é: chame aquele amigo legal, peguem muitas coisas para comer e se entretenham comendo e conversando enquanto riem dessa bobagem do cinema. Última ressalva: Michelle Pfeiffer fica bem mais gostosa naquela roupa de couro...

Luís
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4 opiniões:

Marcelo A. disse...

Mulher-Gato me faz pensar numa coisa: o que leva um ator - leia-se atriz aqui também, evidente - a ganhar um Oscar num dia e no outro levar o Framboesa de Ouro? O personagem ajuda? O roteiro, o filme num todo? Ou apenas o talento é que conta?

Todas as vezes que vejo esse filme penso nisso...

=(

Thiago Paulo disse...

Ainda não vi esse, na verdade vi algumas cenas. E tipo, já não gostei,então...

Até +

Luiz Alexandre disse...

Sinceramente ainda não vi esse filme e a cada dia que passa - e a cada comentário que leio - percebo que o melhor é não vê-lo.Pelo visto, esse filme não é apenas uma ofensa à personagem da Mulher-Gato, mas também à história do cinema.
Essew filme consegue ser pior que Batman & Robin?

Bruno Cunha disse...

Que pedaço de lixo! Das piores adaptações da BD, e não concordo contigo pois nem para entretenimento dá! :)

Abraço
Cinema as my World