2 de jun. de 2011

A Luta pela Esperança

Cinderella Man. EUA, 2005, 154 minutos, drama. Dirigido por Ron Howard.
Um filme de boxe bastante monótono, sem muito o que mostrar e extremamente apelativo: tenta nos convencer pela emoção em vez de nos fazer gostar do desenvolvimento da história e da identificação com os personagens.
O cinema realmente tem uma proximidade muito grande com a realidade. Isso é tão verdadeiro que anualmente vários filmes cinebiográficos são lançados e Cinderella Man – título original de A Luta pela Esperança – é mais um exemplo de filmes desse gênero. O personagem principal é Jimmy Braddock, boxeador famoso que fez muita fama por ter vencido várias lutas sem ter sido nocauteado. Com a Grande Depressão, acontecida em 1929, Braddock passou por momentos de dificuldades e teve que abandonar sua carreira de lutador para sustentar a família. Mais tarde, voltou aos ringues com a esperança de vencer um dos mais fortes lutadores do momento.


Os filmes cinebiográficos correm o risco de exagerar na quão dramática tornam a vida do personagem retratado. A Luta pela Esperança é um filme que comete esse erro. Parece que há pouco para mostrar, mas, ao mesmo tempo, somos apresentados a muitas cenas dramáticas que só servem para que nós nos sintamos forçados a nos emocionar – e evidentemente não nos emocionamos. Essa insistência em mostrar cenas de grande carga dramática parece totalmente desajustada e chega a incomodar. E o erro maior é investir no drama como tapa-buraco: quando não havia mais o que mostrar – e havia pouquíssimo para ser exibido -, as longas cenas melosas se tornaram a aposta de Ron Howard. Eu gosto de drama, admito. Mas ver duas horas e meia de drama excessivo e forçado me incomodou.

O ator coadjuvante Paul Giamatti é decerto o melhor que há no filme. Sua atuação é correta, sem exageros, sem erros. Quando ele aprece em cena, estando ao lado de Russel Crowe ou ao lado de Renée Zellweger, ele rouba a cena e atrai os nossos olhares. A sua indicação ao Oscar me pareceu muito justa e ela se mostrou ainda mais adequada porque, no ano anterior, Giamatti havia sido ignorado pela academia, que não o indicou por Sideways. O casal principal – Crowe e Zellweger – me parece muito incomum. Não consegui em momento nenhum me identificar com eles e acho que eles não tinham a química suficiente para convencerem como um casal. Russel Crowe já havia mostrado ser um ator talentoso, mas, como Braddock, ele está muito mediano e infelizmente não me satisfez. Já Renée Zellweger é o tipo de atriz que embasa sua interpretação em caras-e-bocas. Ela se mostrou talentosa em outros filmes – em alguns poucos, eu devo ressaltar -, mas, em A Luta pela Esperança, ela é apenas umas caretas de choro e uma voz resmungada.

Eu acredito que Cinderella Man é o tipo de filme que, por tentar comover demais, acaba errando na dose e incomoda. Tudo é excessivo, desde a preocupação do roteiro até a duração do filme. Enfim, eu não recomendo que assistam a esse filme, a não ser que realmente sejam fãs do personagem retratado. Não me entreteve, me cansou e eu realmente só senti que valeu a pena pela interpretação de Giamatti, que, infelizmente, aparece pouco.

1 opiniões:

Hugo disse...

Eu gostei do filme, mesmo feito especificamente para emocionar e com certeza aumentando um pouco o drama, ele cumpre o que promete.

Vale também pelo elenco, como vc bem citou e pelas dramáticas cenas de luta.

Abraço