28 de mar. de 2012

Oscar 2012 - Melhor Ator Coadjuvante


 
Tão logo saiu a lista dos indicados, a primeira coisa que chamou a atenção nessa categoria foi a faixa etária dos nominados: os atores veteranos eram veteranos em tempo de trabalho e em idade. Talvez o que mais tenha chamado a atenção foi o fato de que a possível vitória de Plummer ou Sydow implicaria na consagração do ator mais velho que já venceu a estatueta – e foi justamente isso que aconteceu quando o nome de Plummer foi anunciado, cabendo a ele, aliás, a única indicação pela qual o filme concorreu. Diferentemente da lista das atrizes coadjuvantes, na qual apenas uma já havia concorrido, aqui se verifica o oposto: apenas um concorre pela primeira vez e é justamente o mais novo, Jonah Hill. Como os personagens verídicos são recorrentes nas indicações feitas pela Academia, cabe a Kenneth Branagh a função de representar Laurence Olivier, um ator que inclusive já foi indicado e ganhou o Oscar.


Christopher Plummer, por “Toda Forma de Amor”
A história central é a de um jovem que tem que conviver com a recente  dor da perda do pai e com a alegria – e também dor – de um novo amor. Esse jovem é interpretado por Ewan McGregor, porém, quem rouba a cena fazendo com que o longa realmente fique interessante é Christopher Plummer, que interpreta seu pai. Seu personagem já é forte – afinal, não é sempre que vemos um senhor assumir a homossexualidade, invertendo os papéis que atualmente são retratados no cinema, i.e, de jovens interpretando gays, e a atuação de Plummer só o torna melhor. Apesar da idade, Plummer concebe um personagem enérgico e sociável, que busca a felicidade constante na sua época mais frágil. (por Renan)

Jonah Hill, por “O Homem que Mudou o Jogo”
Jonah Hill, saído de filmes como Superbad e Knocked Up, ambos de 2007, faz um trabalho notável ao lado de Brad Pitt em Moneyball. Sua atuação reforça o caráter do personagem, que é tímido e que por vezes se sente deslocado em um ambiente que, claramente, não é o seu. Cenas como a que Peter tem que demitir um dos jogadores mostra o potencial do ator. Concorrendo com quatro veteranos, a premiação pra Hill era pouco provável, mas do modo que o ator se apresenta, poderemos esperar outras indicações. (por Renan)

Kenneth Branagh, por “Sete Dias com Marilyn”
O ator faz o papel do diretor Laurence Olivier. Com uma atuação segura e pontuada, Branagh traz à tela a dificuldade do seu personagem em dirigir uma estrela tomada pelo brilho e pelas incertezas.  No total, a atuação de Branagh é bem satisfatória, uma vez que realmente deixa transpassar uma pessoa séria que sofre de nervosismo, tem que lidar com o ciúme da esposa e ainda vê seu trabalho ser interrompido indeterminadas vezes. Apesar da boa atuação, considero que as outras (excluindo a de Jonah Hill) foram superiores a dele, uma vez que quem chama a nossa atenção e nos faz querer ver mais e mais é Michelle Williams como Marilyn. (por Renan)

Max Von Sydow, por “Tão Forte e Tão Perto”
Que Extremely Loud and Incredibly Close é um filme de atores coadjuvantes, ninguém duvida! E o sueco Max Von Sydow é decerto o ator secundário mais interessante e mais bem aproveitado na narrativa sobre um garoto que sai à procura de um objeto que o poria mais próximo do pai já falecido. Stephen Daldry fez com que Sydow, apesar de não pronunciar uma única fala no filme, fosse o ator mais comunicativo: suas expressões de tolerância bem como seus anseios e suas alegrias são brilhantemente mostradas nos poucos minutos nos quais participa da trama, chegando inclusive a tornar nossos olhos exclusivamente para si (o que, a tempo, não é grande mérito, dado o protagonista chatíssimo da história). Sydow faz por merecer sua indicação, na tardia idade de 82 anos. (por Luís)

Nick Nolte, por “Guerreiro”
Apesar de Warrior não ser uma obra que eu chamaria de atraente, trata-se de um filme muito interessante que consegue nos cativar pelo seu enredo e, principalmente, por aquilo que fica sem ser dito, esperando por ser depreendido pelas expressões dos atores. E Nick Nolte, que já realizou bons personagens, nos traz aqui aquela que talvez seja uma de suas interpretações mais inspiradas, como um treinador ex-alcoólatra que não consegue lidar com os filhos, que parecem odiá-lo, mas que o tempo todo busca reconciliação. Se Tom Hardy e Joel Elgerton nos mostram uma força sólida, Nolte é a personagem quebradiça, de força questionável, de emoção arraigada. Do começo ao fim, mesmo que aparecendo pouco e tendo poucas linhas de fala, o ator realmente nos convence de que fez jus a uma das cinco posições na lista dos indicados na categoria dos coadjuvantes. (por Luís)

CONCLUSÕES:

Renan
Concordo com a Academia: Não.
Quem deveria ter vencido: Nick Nolte, por "Guerreiro". A atuação de Plummer é boa? Sim. Mas Nick Nolte, na minha opinião, está extremamente melhor. Sua atuação molda o filme ditando qual ritmo todos os personagens devem seguir tornando visível o seu lado patriarcal. Com seu personagem, que já é bem construído, Nolte nos repassa uma atuação firme e correta de um veterano que deveria ter levado a estatueta.

Luís
Concorda com a Academia: Não.
Quem deveria ter vencido: Nick Nolte. A interpretação de Nolte em Warrior é simplesmente assombrosa. O ator consegue em pouquíssimo tempo em cena impactar o espectador com a sua atuação, extremamente madura e sóbria, fazendo com que seu personagem jamais fuja ao nosso olhar – como Paddy Conlon, um ex-alcoólatra que batia na mulher e nos filhos, criando, assim, afastamento entre os membros da família, Nick Nolte traz à tona emoções que transcendem a tela: basta vê-lo em cena para se emocionar. Quando um ator consegue expressar tudo com o olhar, é uma clara demonstração de seu talento. Talvez Christopher Plummer tenha ganhado por ser a única coisa positiva em Beginners, mas acredito que a categoria era mesmo de Nick Nolte e foi uma pena vê-lo saindo sem o prêmio.

3 opiniões:

Kamila disse...

Dos indicados, só tive oportunidade de assistir à atuação de Max Von Sydow e, pra ser bem sincera, eu não teria indicado ele ao Oscar. Sim, a participação dele em “Tão Forte, Tão Perto” é memorável, digna de cenas emocionantes, mas o trabalho dele neste filme não é sensacional ao ponto de achar que mereceria uma indicação ao Oscar.

E, olha, muita gente concorda com vocês dois em relação ao Nick Nolte. Tenho ouvido excelentes críticas a respeito de “Guerreiro” e, especialmente, relacionadas à atuação dele neste longa.

Wilson Antonio disse...

ótimos atores todos em trabalhos magníficos. realmente uma das melhores disputas da cerimônia de 2012. adorei o texto. parabens

Júlio Pereira disse...

Na verdade, a maioria eu não (Warrior, Toda Forma de Amor, Sete Dias com Marilyn). Quanto ao Max, ele está soberbo e é, dos que vi, o melhor indicado. Já Jonah Hill, numa primeira visão, achei que estava comum. Ledo engano; ele é muito eficiente ao mudar a diferença do personagem no começo e no fim, visto que no inicio ele mal conseguia olhar no rosto de Pitt, porém, chegando ao fim, está um jovem confiante. Mas sabe quem faltou e devia ter ganho? Ben Kingsley, por Hugo. Ele não faz uma atuação qualquer, sim compõe um personagem - algo cada vez mais raro. Não só em sua caracterização extremamente fiel, mas na sua interpretação no geral. Resumo-me a copiar e colar um trecho do meu texto sobre o filme que falo melhor sobre isso: "Ben Kingsley compõe um George Méliès severo, rabugento, amargurado, que ao mesmo tempo esconde uma profunda melancolia no olhar – inesquecível a cena que ao tomar o caderno de Hugo, briga e fica bravo, mas em seus olhos exibe profunda tristeza -, opondo-se a isto, interpreta o Méliès do passado de forma enérgica, alegre, apaixonado, sorrindo o tempo todo."